Aterrámos no deserto. Faz hoje uma semana. As crianças já estão todas nas escolas, as rotinas mais ou menos normalizadas e acredito que para a semana já tudo esteja mesmo em velocidade de cruzeiro. A viagem para cá foi mázinha. Pior só se o avião se tivesse despenhado. Ok, não foi tanto assim. Mas foi má. Chegámos à Portela com duas horas de antecedência, o que para nós foi um recorde. Ao olhar para o placard das partidas, vemos que o nosso vôo para Heathrow está atrasado uma hora e dez minutos. A escala em Heathrow era de duas horas, e ficámos logo a pensar que já não íamos conseguir a ligação para Abu Dhabi. No balcão de check-in perguntámos o que poderíamos fazer e dissseram-nos que tínhamos que embarcar na mesma porque nada nos garantia que depois em Heathrow a ligação para Abu Dhabi não se atrasasse também e ainda havia esperança de conseguir apanhar esse vôo. Fomos para a zona dos cafés, uns super excitados como sempre, outros dois a stressar com a possibilidade de ficar um dia presos em Londres. Vamos acompanhando a evolução do quadro das partidas e o nosso vôo vai mudando a hora de partida. A última versão dava-nos conta de um atraso de hora e meia. Acabámos por saír com duas horas de atraso e chegámos a Londres uns 15 minutos antes da hora de partida para Abu Dhabi. A versão espanhola do nosso nome soou nos altifalantes do avião (porque raio é que os ingleses nunca acertam com a maneira de dizer o nome??), a pedir aos outros passageiros que nos deixassem ser os primeiros a sair. Claro que toda a gente se borrifou e, mal o avião aterrou, desapertaram os cintos, abriram as cabines da bagagem de mão e puseram-se nos corredores estreitos à espera que as portas se abrissem. A família dos 5 atrasados que se lixasse. Assim como assim para nós era indiferente. Faltavam 15 minutos para o outro avião descolar, estávamos a aterrar no Terminal 1 e ainda teríamos que apanhar um comboio para o Terminal 4. Nem um milagre nos salvaria. Heathrow é maior que a cidade de Lisboa (ou pelo menos é a impressão que dá quando se tem que andar a correr de terminal em terminal) e só se o vôo estivesse atrasado umas boas 2 horas é que podíamos ter alguma hipótese. Tínhamos uns funcionários do aeroporto à nossa espera à saída do avião. Indicaram-nos o balcão da TAP e lá fomos nós, recolher o nosso voucher para o hotel, refeições e transportes de e para o aeroporto. Passámos lá as restantes horas até ao vôo seguinte, que aconteceu às 9 da manhã do dia seguinte. Nem conseguimos aproveitar o facto de estarmos em Londres para ir passear. Chegámos ao hotel perto das 4h30 da tarde e estávamos junto ao Terminal 5 de Heathrow, que é bastante longe do centro de Londres. Não tínhamos almoçado porque a TAP serve umas sandochas e já vamos com sorte e além de tudo o resto os miúdos estavam estafadíssimos de tanta ansiedade e correria. O tempo estava anormalmente quente para Londres, o que foi uma sorte porque nos permitiu não tiritar de frio, dado que toda a nossa bagagem de porão, onde iam as roupas, tinha ficado no aeroporto. Connosco só tínhamos a bagagem de mão. A minha sorte foi que, em Portugal, à última da hora, tivemos que tirar roupa de uma mala e pô-la na bagagem de mão porque estávamos com excesso de peso na bagagem de porão (há coisas que nunca mudam, por mais experiência que se tenha!) E a roupa dessa bagagem de mão calhou a ser toda minha, a única pessoa que conseguiu ter roupinha lavada para vestir na manhã seguinte. Tinha levado umas mudas de roupa para as crianças mas mais nada... Depois, na manhã do vôo, correu tudo bem. O avião saiu a horas e chegámos a Abu Dhabi por volta das 6 da tarde de sábado. A única coisa chata foi que nos puseram separados. Eu sozinha com os três numa fila de 4 e o Francisco seis filas mais para trás, sentado entre duas outras pessoas. Nestas situações normalmente as hospedeiras pedem para se fazer uma troca com outro passageiro, mas neste caso quem é que ia querer trocar um lugar ao pé do corredor por um lugar entre duas outras pessoas? Ninguém!
Claro que no domingo já ninguém foi à escola e a única pessoa que teve que ir trabalhar nesse dia fê-lo com muito sacrifício. Três horas a mais significa uma grande alteração e adaptação do nosso corpo. Nesse dia, o despertador tocou às 7 mas o nosso corpo dizia-nos que eram 4 da madrugada e só apetecia ficar na cama a recuperar. Lição a reter para o ano: vir uma semana antes da escola começar para a adaptação ser menos violenta e para não haver imprevistos e coisas resolvidas à pressa para começar o ano lectivo.
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas