As pessoas deviam morrer de velhinhas. Na sua cama, um dia iam dormir e já não acordavam na manhã seguinte. Iam em paz e os que lhes sobreviviam ficavam pacificados também, por saber que a missão daquela pessoa estava cumprida, depois de uma vida cheia, longa e feliz.
A minha amiga Judite morreu, com um cabrão de um cancro no pâncreas que lhe trouxe um fim triste e que vai deixar memórias igualmente tristes nos que a acompanharam nestes últimos meses. A doença dela deixou-me em choque; a morte dela deixou-me sem muita coisa que dizer. Não sei o que se diz nestas alturas. 36 anos, uma filha de 4. A Judite era uma mulher determinada e arregaçava as mangas para enfrentar a vida, mas desta vez isso não chegou. Eu acobardo-me perante este monstro. Ela lutou com quantas forças tinha, mas não foi suficiente. As pessoas deviam mesmo morrer de velhinhas.
Era o que eu esperava encontrar por aqui. Abri a porta da casa e em vez de levar com uma teia de aranha na cara, verifico que a casa foi completamente remodelada. O backoffice dos blogs do SAPO está completamente diferente. Não sei há quanto tempo se deu esta mudança, mas agora não conheço os cantos à casa.
Vim cá só para dizer que estou viva e espero estar de regresso ao relato. Acabei de aprovar comentários que me tinham deixado desde Agosto (desculpem!) e agora vou ter que dar umas voltas de reconhecimento à casa que aloja este blogue.
Então até já, sim?
Que mais gozo me dá fazê-las.
(Hoje nadei outra vez 2 km e não me apetecia nada. Até começar)
Não me tornei crudívora.
Tornei-me sushívora este Verão.
E o que é que isto quer dizer? Resumidamente quer dizer que hoje é o último dia do Ramadão, que amanhã e depois é feriado (para os sortudos que trabalham para empresas públicas é feriado a semana toda!), que quarta e quinta-feira quando for trabalhar já não tenho que ir beber água às escondidas, já posso comer as minhas uvas e maçãs a meio da manhã e da tarde na minha secretária e que faltam cada vez menos dias para deixar de estar sozinha. Para comemorar acho que vou ao Dubai às compras e aproveito o facto de os retaurantes voltarem a abrir durante o dia para almoçar fora!
Estou a tornar-me preguiçosa crudívora. A única coisa que cozinhei numa panela até agora foi sopa.
Mais postes com substância deste calibre to follow.
Este post talvez só esteja ao alcance dos portugueses que vivem por aqui. Os outros que me desculpem.
Hoje fui atendida por uma manicure filipina chamada Carlos.
Há a Juanita, Estrellita, Asunción, Carmencita, etc. Mas hoje calhou-me A Carlos. Deve ter passado entre as pingas da chuva nos serviços de imigração, porque aqui até ser homossexual é proibido, quanto mais...
1. Ainda não estou farta de mim mesma. Na verdade, tenho pensamentos bastante interessantes e tinha saudades de estar comigo :-)
2. Não tenho roupa suja nem louça suficiente para por as máquinas a trabalhar
3. Tenho ocupado os meus dias com algumas coisas, mas ainda não fiz tudo o que estava na lista. Vendo bem, só fiz duas coisas...oopps
(continua...)
Ainda fico um bocadinho constrangida e com uma certa vergonha alheia quando vejo homens e mulheres expats ocidentais saudáveis a permitir que um indiano/paquistanês/bangladeshi franzino lhes carregue as compras da caixa de supermercado até ao carro.
Quase comprei a colecção em DVD da Anatomia de Grey, que estava a um preço quase irresistivel no carrefour.
Quase comprei um swatch scuba libre pink. Mudei de ideias quando a senhora da loja mo tirou da mão para o arrumar no expositor sem me avisar e não se voltou a dirigir a mim para saber se eu o ia levar.
Quase já fui fazer exercício ao vir do trabalho.
Quase já pus uma mensagem fofinho-pirosa para os meus filhos no facebook porque já estou quase cheia de saudades deles.
Por isso já dá para imaginar que os próximos tempos por aqui vão ser (ainda) mais parados do que é hábito.
Para já, não me tem sido difícil estar sozinha com os meus botões. Calculo que daqui a uns dias já não me pareça o mesmo. A criançada está por Portugal, a divertir-se com o pai. Eu vou mais tarde, para os ir buscar e matar saudades da água fria e do ar fresco.
É um bocadinho estranho estar a saber das férias deles via facebook e whatsapp, normalmente sou eu que estou lá daquele lado. Também estou curiosa para saber como se está a adaptar o Francisco a estas férias, tão diferentes do que estamos habituados. Sozinho com os três também não é fácil, às vezes é preciso conversar com gente nascida antes de 1980 para se manter a sanidade mental...
Quanto a mim, os planos são ambiciosos, como não podia deixar de ser:
- organizar o iPhoto e classificar/organizar as 3.456.789.543 fotos que lá estão gravadas sem nenhuma ordem
- pôr os ficheiros de registos de despesas em dia (fazer o update para aí desde setembro de 2009)
- deitar-me cedo todos os dias, para acordar de manhã cheia de energia, sair cedo do trabalho e ir fazer exercício físico
- cozinhar refeições saudáveis todos os dias e não negligenciar a sopa, fruta, legumes e etc
- beber 3 litros de água por dia
- organizar os armários todos da casa
- fazer triagem de roupas e sapatos que já não servem
- livrar-me da sapateira rasca que me irrita desde que foi comprada e comprar a que eu gosto à traição porque a que temos se estragou
- organizar brinquedos, separar o que já não se usa para dar a quem precise
- pôr as fotos que temos em molduras e pendurá-las nas paredes (a segunda parte talvez seja mesmo wishful thinking). Mas pelo menos emoldurá-las
- organizar a arrecadação e separar tudo o que temos para vender numa garage sale em setembro
- arquivar papéis diversos que estão a monte arrumados no armário da sala desde que nos mudámos para abu dhabi
- preparar os álbuns digitais das mesmas 3.456.789.543 fotos para encomendar online e levantar quando estiver em Lisboa
Não tenho que fazer isto necessariamente por esta ordem. Afinal talvez precise de umas férias pelo meio :-)
Uma amiga dizia-me há uns anos que a definição de católicos não praticantes era um disparate. Que não existia tal coisa. Um católico é sempre praticante e não há como não o ser. Ela dizia que alguém afirmar-se católico não praticante era tão disparatado como afirmar-se vegetariano não praticante. Ou se é ou não se é (católico/vegetariano). Eu concordava a 100% com a questão do vegetariano não praticante mas dava o benefício da dúvida ao católico não praticante. Entendia que aquelas pessoas que não participam dos rituais e que se dizem católicas apesar de não estarem dentro da comunidade que é a igreja podiam, com boa vontade, considerar-se católicos não praticantes.
Chegada a 2014, dou comigo a ter dúvidas. Quase de certeza que não pode haver católicos não praticantes. Mas eu acho que me estou a tornar numa vegetariana (ainda) não praticante. Estou a falar a sério. Tenho cada vez menos vontade de comer carne e já a substituo muitas vezes por outras coisas.
Agora estou com um dilema: o novo passatempo dos rapazes cá de casa é a pesca. E aquilo faz-me impressão. Nunca apanharam nenhum peixe que se coma, ou seja, aquela conversa da cadeia dos alimentos não pega. E no processo vão espicaçando animais indefesos sem nenhuma justificação. E nem quero imaginar se eles realmente apanhassem alguma coisa. Eu gosto de peixe mas acho que não era capaz de pescar os animais, matá-los e arranjá-los para os comer.
Por isso acho que me encaixo na definição de vegetariana não praticante. Com vontade (mas às vezes preguiça, confesso) de ser praticante...
A minha professora de natação tagou-me num post da página da escola de natação no facebook com calúnias sobre a minha pessoa. Disse que me tinha convencido a inscrever-me no próximo triatlo de abu dhabi, que vai acontecer em fevereiro. Desde aí já muita gente me deu os parabéns pela minha iniciativa e os desportistas inveterados asseguram-me que vou gostar imenso e ficar viciada em eventos deste género (é gente que, evidente, não me conhece bem).
Importa aqui repor a verdade dos factos.
O que aconteceu naquela aula de natação foi um monólogo em que ela dissertou acerca das vantagens de se treinar com um objectivo competitivo e que treinar só por desporto é bom mas não chega, é preciso estabelecer metas, blá, blá, blá, blá.
Enquanto ela falava, ignorava os meus argumentos válidos:
1) Não tenho bicicleta
2) Não pretendo comprar uma para o triatlo
3) Não consigo pedalar durante 20 km depois de ter nadado 750 m em mar aberto
4) Não tenho jeito nem capacidade para correr 5 km depois de pedalar 20 km na bicicleta que não possuo e nadar 750 m em mar aberto.
Ela, claro, tão entusiasmada com o entusiasmo que achava que estava a passar às alunas, nem ouviu nada do que eu disse. Posto isto, no desfecho do monólogo acabei a dizer que sim, que ia pensar no assunto, enquanto todas as outras asseguravam que sim senhora, se iam inscrever e que ia ser mesmo fixe irmos todas em conjunto para a prova mais fixe (???) de Abu Dhabi.
Isto não foi peer pressure. Isto foi bullying.
Eu concilio
Tu concilias
Ele concilia
Nós conciliamos
Vós conciliais
Eles conciliam
Com alguma dificuldade nestas primeiras semanas. O frigorífico e a despensa que o digam, que vão sendo compostos aos poucos, numa tentativa trapalhona de manter as refeições principais asseguradas. Mais improviso, menos improviso, temos conseguido.
Eu sei que isto vai melhorar, é só uma questão de hábito e integração das novas rotinas por parte de todos. Mas estes malabarismos estavam um bocado enferrujados.
Por sorte temos, desde o mês passado, ajuda em casa. Ou seja, limpezas e tratamentos de roupa estão assegurados. A comida ainda está em treino. Primeiro porque eu até gosto de cozinhar, segundo porque com o fosso gastronómico entre Portugal e o Sri Lanka, não é fácil explicar o conceito de refogado, estufado,assado, tempero sem 3 kg de picante para 100 gramas de comida etc.
Nós chegamos lá.
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas