É cada vez menos bebé. Percebe tanta coisa que faz impressão. Quando chegamos a casa, digo-lhe "Senta-te no primeiro degrau e vamos tirar os sapatos". E lá vai ele, apressado, senta-se e começa a fazer um esgar de esforço como se estivesse a tentar tirar os sapatos com muita força. Às vezes digo "Vamos lavar as mãos, estão todas sujas" e ele olha para as palmas, verifica que estão sujas e franze o nariz e abana as mãos como que a dar-me razão. E tantas, tantas outras coisas que nem vou para aqui enunciar, não vão vocês achar que eu penso que o meu filho é o mais esperto de todos (é que de facto, eu não penso, ele é mesmo!)
Mas dizia eu que ele já não é bebé. E ainda bem. Qualquer dia já não vou precisar de sair à rua com a casa às costas, ideia que me deixa fascinada. Ontem fui conhecer uma bebé que nasceu há pouco tempo, filha de uma amiga. E estranhamente não me deu vontade de ter mais nenhum bebé. Digo estranhamente porque normalmente ver um recém-nascido dá-me vontade de desatar a ter mais filhos. Mas desta vez não. Achei-a deliciosa [há lá coisa melhor que um recém-nascido e o seu ar meio divino, meio animal (no sentido de cria, mamíferozinho voraz e com instinto de sobrevivência)]. Mas gostei de a ver, pegar-lhe e devolvê-la à proveniência. Não me apeteceu trazê-la para casa. Acho que três é mesmo a minha conta. Agora quero aproveitar, fazer coisas divertidas com eles, deixá-los crescer e explorar com eles as maravilhas que o futuro nos vai trazer. Sem bebés, sem hormonas aos saltos, sem stresses de leites maternos vs fórmulas, cólicas vs sono vs fome vs frio e todas as coisas que quando um bebé chora nos dizem que ele tem.
E estou quase, quase pronta para dizer (por enquanto digo só aqui, que ninguém nos ouve) que me apetece voltar a trabalhar fora de casa. E que o António, se depender da minha vontade, vai começar o seu percurso académico já em Setembro (inshallah!)
Acho que descobri porque é que gosto tanto dos bebés pequeninos, acabados de nascer. Restauram a minha fé na nossa espécie. São pessoas em estado puro. Sem maldade, sem segundas intenções. Não fazem fretes, não têm cinismos nem dissimulações. Choram se lhes apetece, riem se têm vontade. Na maior parte do tempo são felizes e estão em paz.
E nós também já fomos assim, um dia.
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas