Recebemos um convite para uma almoço de aniversário logo num dos primeiros dias em que vamos estar em Portugal. Ao incluir este almoço nos planos para esses dias, o Afonso pergunta se é em casa ou num restaurante. Respondo que é num restaurante.
Espero que seja numa tasca!
É um senhor.
A Francisca há muito tempo que diz que as semanas deviam ter dois dias e os fins de semana cinco. Esta semana, os sheikhs fizeram-lhe a vontade: três dias de feriado colados ao fim de semana e apenas dois dias de escola. Pena que nesses dois dias de escola tenha ido à enfermaria duas vezes, uma com dores de ouvidos, outra com um corte grande no dedo! Nesta última semana já tivemos piolhos em duas das três cabeças juvenis, cortes profundos quase com direito a pontos, febres altas, dores de ouvido e dores de cabeça.
Não me lembro de uma maneira melhor de passar os cinco dias de fim de semana!
Estão todos bem.
Ligam-me pouco e não gostam de falar pelo skype.
O Afonso só quer saber dos primos, da piscina e do cão da avó.
A Francisca tem loom bands (como é que se chamam essas pulseiras de elásticos aí??) até aos cotovelos.
O António, em Portugal há um mês, continua com frio. Sempre que falo com ele, está de manga comprida.
Estão divertidos.
Bem alimentados (desconfio que demais)
Já quase não metem palavras em inglês no meio das frases (é sempre um objectivo das férias em Portugal - reduzir o número de ocorrências deste tipo)
Afonso, no beijinho de boa noite:
"Gosto muito de ti, mãe. Gosto mesmo. Vou gostar sempre, mesmo quando estiveres debaixo de uma pedra a dizer R.I.P"
Vou dormir mais descansada.
O Afonso, em algumas coisas continua igual a si próprio. Aqui há tempos quando o Francisco ficou constipado, resolveu fazer-lhe um desenho com uma mensagem de melhoras. E o que é que ele desenhou para o pai se sentir melhor? Um escaravelho, pois claro. Quase a página A4 toda ocupada com um escaravelho bastante realista, bem preto.
Parabéns Afonso!
(08.04.2004)
Pedidos especiais de comida para o aniversário: Framboesas, Romãs e uma Meloa (às vezes duvido que seja meu filho!)
Fim de Janeiro: Caiu-lhe a prancha de wakeboard no dedo grande do pé. Sangue com fartura, unha com um aspecto miserável, bastantes dores. A unha caiu passado uns tempos (para o que eu havia de estar guardada - blhec) e ainda está em processo de crescimento
Meio de Fevereiro: queda nas escadas. Braço partido. Gesso durante 5 semanas. Toca a dar banho ao menino todos os dias porque ele só com um braço não consegue. Tirou o gesso na sexta-feira da semana passada.
Março (ontem): brincadeira na praia, rochas afiadas. Grande corte no dedo grande do pé (não o da unha caída, menos mal). Sangue com fartura, corte profundo, ferida com sotura. Toca a dar banho ao menino todos os dias para ele não molhar os pontos, fazer o penso e andar sempre com mil cuidados para a costura não apanhar água, não se sujar, não infectar, etc...
Oh, vida!
E no meio disto, um marido meio entrevado com diagnóstico de hérnia de disco cervical, uma festa de aniversário para organizar, uma viagem para organizar (se mais ninguém se lesionar entretanto) enquanto passo a semana numa formação em que me inscrevi...
O Afonso disse-me hoje que muitas vezes eu não o percebia. Mas que era natural, uma vez que eu nasci no século passado e "as pessoas que nasceram no século XX, os adultos, têm dificuldade em acompanhar as mudanças do mundo. O mundo está a mudar muito rápido e os adultos às vezes não conseguem acompanhar essa mudanças. Mas tu és fixe, mãe, porque mesmo apesar de às vezes não conseguires, fazes um esforço, e isso é que conta."
A:"Mãe, porque é que compraste estes cogumelos tão grandes?"
Eu:"Porque vou fazer um risotto com eles. Chamam-se portobello"
A:"Sim, mas porque é que compraste dos portobello em vez dos normais?"
Eu:"Porque achei que ficavam melhor no risotto. São maiores, mais carnudos e mais..."
A:"OHHHHH NÃO!!!!!!"
Eu:"...saborosos!"
A:"Ah, ufffa, que alívio! Pensava que ias dizer que são mais saudáveis! Quando dizes isso sobre algum alimento é porque normalmente não presta para nada e não tem sabor nenhum..."
O Afonso quer porque quer muito, mesmo muito, tanto, tanto, um iPad. Está a juntar dinheiro desde o início deste ano lectivo porque quer mesmo um iPad só para ele. Ainda lhe falta um bocado para atingir o valor que precisa, mas já anda a estudar o mercado. Como percebeu que o iPad normal é muito caro, apontou para o iPad mini. Vendo que também ia demorar um bom bocado a chegar lá, apontou a mira para um iPod touch. Mas como o modelo de última geração custa quase o mesmo que um iPad mini, achou que lhe chegava um iPod touch 4. Ele não sabe bem porque é que quer o gadget. Sabe que os amigos têm cada um o seu e isso chega-lhe para querer. O problema do Afonso é que ele não é muito tecnológico. Nunca foi. Tablets, computadores, leitores de DVD, Playstation 3 e até os próprios comandos da televisão não são muito a "cena" dele. Sempre que tem algum problema chama a Francisca para ela o ajudar.
Então, na ronda da pesquisa de preços de iCoisas no Dubai, os diálogos eram mais ou menos assim:
"Excuse me, Sir, do you sell the iPad mini?"
"Yes, we do"
"How much is it?"
"Do you want the wifi+3G?"
"Yes, please"
[o senhor dizia-lhe o preço]
"Oh, that's too expensive"
"You can have the one with wifi only"
"And how much is that one?"
[preço, outra vez]
"Hmm, I see... And without the wifi, how much does it cost?"
Ou então
"Hello, Sir, can you tell me the price for the iPod touch?"
"The new one costs xxxx Dirhams"
"Oh, that's too expensive for me!"
"You can have the iPod 4 [4th generation iPod] for xxxx dirhams, which is much cheaper than the new one"
"Great, how much is that one?"
[o senhor diz-lhe o preço]
"Hmmm... I see... Do you sell the iPod 1?"
E é isto, o meu negociador de palmo e meio. Está entusiasmadíssimo, grão a grão, a juntar para o seu iPad (e até já fala nisso como se fosse mesmo conseguir juntar tudo o que precisa...)
Afonso: teve um evento na escola, o Rainforest cafe, que era uma acção de angariação de fundos para a "Rainforest Alliance", uma entidade que aparentemente ajuda a promover a conservação da floresta tropical. Fizeram bolos e sumos com ingredientes das florestas tropicais, cantaram uma música chamada, precisamente, "Rainforest", fizeram apresentações em powerpoint para mostrar aos pais e tiveram-nos lá, a comer, a beber e a elogiar durante mais de uma hora.
Francisca: foi o dia do Baile das princesas e fadas. Claro que a rapariga não cabia em si de contente. fui incumbida de encontrar o vestido com a melhor relação piroseira/preço e, não querendo gabar-me, acho que fiz um bom trabalho. O vestido era do mais pindérico que pode haver, mas ela, claro, adorou. Eu conheço muito bem a minha filha :-) Dançou, fez jogos e no fim, houve banquete. Uma barrigada de animação.
António: Dois anos lectivos que passaram a correr. Hoje foi o último dia de escola para ele. Em Setembro começa na "big school" (a dos irmãos) e está, claro, super entusiasmado. Já comprei a farda e ele achou o máximo ver-se com ela vestida (e eu também, apesar de o achar muito pequeno para a "Big School")
Para rematar, fomos ao cinema ver o Monsters University. É incrível como o António se aguenta um filme inteiro na cadeira, quase sem pestanejar. Seja 2D, 3D, o que for. Com óculos, sem óculos, ali fica, hipnotizado pelas imagens e só reage para se rir, voltando rapidamente a compor-se para não perder pitada.
Obrigada a todos os que me deram feedback sobre a questão dos presentes de fim de ano lectivo, através do facebook do umbigo, de comentários aqui no blogue e no "Quem sai aos seus" da Lina :-)
Acho que vamos optar por premiar os dois, diferenciando a recompensa, até porque apesar de um se ter esforçado mais do que outro, os dois evoluiram e trabalharam (um com mais empenho que outro, mas ainda assim!). Quero recompensar a atitude, mais do que os resultados obtidos. O que eu notei ao longo do ano foram duas atitudes completamente distintas em relação às listas que fizemos em casa, às actividades extra curriculares, às críticas das professoras e aos objectivos que foram sendo fixados ao longo do ano, na escola e em casa. E acho que isso deve ser diferenciado. Todos gostamos de ver o nosso esforço reconhecido, não é verdade? E parece-me a maneira mais equilibrada de reconhecer quem se esforçou mais e dar um empurrão de motivação a quem não se esforçou tanto.
Agora falta-nos decidir como vamos fazer a diferenciação. Vai ter que ser uma coisa bem explicada para não parecer injustiça ou preferência de um sobre o outro.
Prometo que vou tentar não me esquecer de vir cá partilhar como "descalçámos a bota"!
Aproxima-se o fim do ano lectivo e é isto. Presentes de fim de ano lectivo, sim ou não? Por um lado, acho que devemos recompensar o esforço deles, como forma de os motivar e reconhecer o bom trabalho que fizeram. Por outro, temos um problema. Um foi esforçado, outro esteve-se nas tintas. Ao longo do ano fomos incentivando a participação dos dois; criámos um quadro mensal com uma lista de coisas que tinham que fazer todos os dias; essa lista inclui coisas básicas, mas que os ajudam a organizar-se no dia a dia e me poupam a mim a tarefa de repetir até à exaustão perguntas do tipo "Já preparaste a mochila para amanhã? Já leste o livro da escola? Já arrumaste a lancheira no sítio? Puseste a roupa para lavar?" and so on. Ora, uma das criaturas segue a lista meticulosamente (até porque uma semana seguida com os itens todos cumpridos dá direito a 25 dirhams). A outra criatura está-se, positivamente, borrifando. Em relação à escola, a mesma coisa. Um dedica-se e quer saber, o outro nem por isso, só se lhe apetecer mesmo muito e gostar de um assunto em particular. Então, o que fazer? Não dar nada a nenhum? Dar aos dois, mas uma coisa melhor a um do que a outro? Dar igual aos dois? Eu sou mais pela primeira ou segunda. A primeira à partida não traz consequências, a segunda vai-me fazer ouvir centenas de vezes que "Não é justo!" e coisas do género...Dar igual aos dois parece-me um mau princípio e acho que transmite a mensagem errada; além do mais, o que se esforça mais ia ficar desiludido por o outro, que claramente passa o ano a marimbar-se nas listas e nos livros e nas aulas de piano, ter os mesmos benefícios. Ia parecer que "o crime compensa"...
Any thoughts, anyone?
Nos ajudam a fazer coisas e isso, em vez de nos atrasar porque temos de ir atrás, discretamente a compor a ajuda que nos deram, adianta-nos e poupa-nos realmente tempo. Tenho dois nesta fase, o que é fantástico.
O pequenino ainda está na fase em que quando nos ajuda, é mais o tempo que gastamos a fazer novamente o que ele fez do que se tivéssemos sido nós a fazê-lo desde logo, mas faz parte. Hei de ter o retorno deste tempo investido, espero eu...
Meter = conhecer (meet)
Visitores = visitantes (visitors)
Calculação = cálculo
Ressenorar = ressonar (to snore)
Puxar = empurrar (to push)
(continua...)
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas