Andava o nosso grupo de amigos portugueses muito intrigado com a origem da expressão fila indiana. O assunto já surgiu em vários jantares, churrascadas, acampamentos, idas à praia e outros eventos sem nunca nenhum de nós ter arregaçado as mangas e investigado esta questão que nos apoquenta a cabeça de expatriados atentos ao mundo em redor.
Se há conceito que não existe para a maioria dos indianos, é o conceito de "fila". Ou melhor, existe, aprendi eu no facebook aqui há dias. Uma fila, para um indiano é "a group of people one person long and fifty people wide", acotovelando-se uns aos outros, respirando para os pescoços uns dos outros e até encostando as barrigas às costas das outras pessoas, mesmo que haja espaço suficiente para todos estarem confortavelmente distantes uns dos outros.
Ora, não se inquietem mais. Através de uma pesquisa exaustiva de, vá, dois sites, descobri o mistério. Claro que o conceito de fila indiana NUNCA podia ter tido origem na Índia, como se pode verificar nesta explicação:
Mistério resolvido!
Ou seja, falta um mês e meio para aterrar na Portela. Estou oficialmente a jejuar para acumular créditos para as três looooongas semanas de frio invernoso, comidas pesadas e bebidas alcoólicas que me aguardam. Muahahahahaha!
Falava ontem com uma paquistanesa que fez uma expressão horrorizada quando eu disse que íamos à praia todos os fins de semana. Mais espantada ficou quando lhe disse que gostava de me ver assim, com a pele bronzeada e achava o máximo podermos ter estas cores saudáveis durante o ano inteiro. Ela disse-me que para ela é precisamente o contrário. Não vai à praia porque se brozeia facilmente e muito rapidamente fica com uma cor que não é nada bem vista na cultura dela. Contou-me que a mãe dela, à medida que ela foi crescendo, lhe dizia, com um ar de desgosto "Ai filha, nasceste tão branquinha, tão perfeita, e agora estás a ficar assim, que pena, eras tão bonita antes!"
A avaliar pela quantidade de cremes disponíveis para aclarar a pele, isto é mesmo um assunto sério para algumas culturas. "White is beautiful (and status), where I come from", disse-me.
Ok, mas eu fico na minha. Antes com um ar bronzeadinho (sem ser excessivo tipo Cinha Jardim à saída do solário ou aquele bronze esturricado do meio dia às três da tarde, vá) do que com ar de choco cru, mais branco que a líxivia.
A Francisca foi a uma festa de anos este fim de semana. E se as festas que eu organizo já têm fama de ser para baixo de medíocres (eles não me dizem, mas eu sei que é isto que eles pensam da tradicional recepção aos amigos com bolos, gomas, balões e jogos infantis que eu lhes proporciono com tanta dedicação - ingratos!), a partir de agora, acabou-se.
Sexta-feira fiquei arrumada, no fim do top das festas de aniversário fixes. Houve uma "SPA Birthday Party". E a Francisca foi. Vinte mini-pseudo-senhoras de 7 e 8 anos estiveram durante duas horas a fazer manicure, pedicure, hairstyling e maquilhagem. Num SPA. Num SPA!
Acabou-se. Nem uma festa cheia de folhados de salsicha (e de porco!) me vai safar...
Ainda que fosse autorizado cá, não havia sindicalismo que se aguentasse...
Em público e em inglês, que é mais fino. Foi dia de ficar com as crianças na escola durante uma hora a ver as actividades que fazem em "Literacy". A Professora começa a falar da importância de lhes ler histórias à noite (as bedtime stories) e o António interrompe-a para dizer a seguinte pérola (e desferir uma punhalada traidora no coração de sua mãe querida):
- "My mum doesn't read stories for me" ( e o inglês que o sacaninha sabe sem que eu me tivesse dado conta?!)
Depois do olhar reprovador de todas as inglesas da sala (as árabes estão-se bem a c*g*r para essas modernices pedagógicas) a professora volta a insistir na importância de ler histórias para desenvolver uma série de capacidades às criaturas pequenas, como se eu estivesse a comprometer o desenvolvimento saudável do meu filho com tal negligência...
Ora, não clarifiquei na altura porque toda a gente sabe que sou tímida, não gosto muito de falar para "ajuntamentos" e também porque a justificação ia parecer desculpa de mau pagador. O meu filho interpretou a coisa literalmente. Bedtime story, é, para ele, a história antes de ir dormir. Que não conto, é bem verdade. O que ele não disse foi que lhe leio praticamente todos os dias uma história, durante a tarde ou no intervalo entre o ir buscar à escola e a hora de ir buscar os irmãos. Só para que fique esclarecido, que eu cá não gosto de mal entendidos.
A equipa que produz o programa Portugueses pelo Mundo vem a Abu Dhabi e anda à procura de pessoas que queiram ser entrevistadas para participar nesse episódio. E porque é que nós não nos candidatamos, perguntam vocês? Pelos mais variados motivos, a saber:
1) Não somos telegénicos
2) Somos tímidos e low profile
3) A nossa vida não interessa a ninguém
4) Não temos o lifestyle para cima de espectacular que toda a gente em Portugal acha que nós temos (ou seja, a nossa participação no programa só ia servir para desiludir o já tão deprimido povo do nosso lindo país)
Hoje, depois de um ralhete valente por andar a deixar rastos de brinquedos desarrumados pela casa toda:
"Porque é que estás a falar assim comigo?! Pensas que eu tenho medo dessa tua cara de má?"
E ainda são só 3 anos...
Esta é daquelas sensações que só quem vive no meio da areia compreende: chegar a casa e conseguir ver para além dos vidros. Não ter aquela camada de pó que se vai acumulando nos vidros tempestade de areia após tempestade de areia. O nosso relvado está bem verdinho, afinal. A camada castanha que eu achava que o cobria era só um efeito especial de janelas (bem) sujas.
Melhor mesmo só se não tivesse tido que ser eu a limpá-los...
(claro que amanhã já vão ficar cheios de dedadas gordurosas ou mesmo marcas de mãos inteiras gordurosas perante o meu olhar histérico-possuído pelo Demo numa primeira fase e resignado passados 5 segundos...)
Ontem tivemos uma experiência que não pode ficar sem registo aqui no blogue. Não acredito que tão cedo nos esqueçamos disto, mas como hoje mandei arranjar um salmão na peixaria, fiquei de o ir buscar passados 10 minutos e nunca mais me lembrei dele até chegar a casa (1 hora e cerca de 20 km depois), já não me fio na minha memória.
Ontem banhámo-nos em família no Ganges. Os cheiros, as cores, a água, tudo transbordava misticismo.
Ou então fomos só ao parque aquático cá do sítio e apanhámos o dia de team building de 50 empresas de construção. Parecia que estávamos na Índia, já quase podemos riscar esse destino da wishlist. Resolvemos ir a uma coisa chamada lazy river e foi aí que a visão do Ganges se revelou em todo o seu esplendor. Nós os 5 e centenas de indianos, vestidos com a roupa de andar na rua, em cima de boias a girar ao sabor das ondas artificiais.
Atenção, não tenho nada contra ajuntamentos de indianos que trabalham na construção, apenas não ia preparada para a explosão de cheiros, cores e fossos culturais com que nos confrontámos. A escassos meses de completar 35 anos a minha abertura a experiências místicas é completamente diferente de quando tinha 20 anos, mas mesmo assim o evento tinha merecido outra preparação, acho...
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas