Não sei o que se passa comigo. Fui recuperar uma série de relógios Swatch que tinha sem pilhas há anos. Alguns precisavam de braceletes novas e então ganharam nova vida, uma vez que as braceletes originais já não estavam disponíveis por se tratar de modelos antigos. Depois de se verificar quais poderiam ser salvos e não iriam irremediavelmente para o cemitério dos relógios, foi meter mãos à obra. Recuperei 6 relógios e dei a extrema-unção a 3 (os meus preferidos, ainda por cima!) Vieram todos para casa a reluzir e a dar horas como novos. Todos os que já utilizei pararam. Morreram. Todos, sem exceção. Agora até tenho medo de usar os que ainda não usei. Será que lhes dou o beijo da morte ou mantenho-os a salvo, na cómoda? De que me serve ter aqueles relógios se não os posso usar? Isto de ter gasto 35€ em pilhas e braceletes para ter relógios descartáveis não está com nada. Deve ser o meu magnetismo, só pode...
Eu também não gosto daqueles pais que acham que os filhos são os melhores do mundo a tudo, autênticos prodígios na matemática, ciência e filosofia. Mas não posso negar que às vezes os meus me surpreendem por terem tiradas e raciocínios que eu com a idade deles estava a anos-luz de ter (podem ser eles muito espertos ou eu muito básica, corro sempre esse risco!)
Na viagem a caminho do campismo parámos para esticar as pernas e beber café. Em conversa comentou-se que estávamos a 40 km do nosso destino. O Afonso mete-se na conversa e diz:
"Ora então, se nos faltam 40 km para chegar, quer dizer que se formos a uma velocidade média de 80 km/h demoramos meia hora a chegar." Como se fosse o raciocínio mais banal e evidente para uma criança de 8 anos. Pensem o que quiserem, naquele momento achei que o meu filho era o maior!
Quando uma pessoa entra pela primeira vez num cabeleireiro para arranjar as unhas e tem que se certificar que não acabou de entrar numa casa de alterne, a atitude mais lógica é fugir dali a sete pés, não é? E se depois disso, vê a cabeleireira/menina a "ripar" a franja a uma cliente, é asneira insistir em ficar ali para fazer a manicure, ou não? Ainda assim, decidi dar o benefício da dúvida e ficar. As cabeleireiras têm de certeza um part-time ali para os lados do Intendente, mas à falta da minha manicure do costume e de oportunidades sem filhos para arranjar as unhas, decido arriscar. E por 5€ o estrago não pode ser grande. Por sinal, não foi. Não ficou espetacular, mas estar ali em análise sociológica durante 30 minutos, só pagar 5€ e ter ficado com as unhas aceitáveis valeu a pena. Se quiserem localização exacta, é contactar por mail (omeuumbigo@sapo.pt). Vão com certeza passar um bom bocado (as conversas eram do melhor!)
Quem me conhece sabe bem o que eu acho (achava!) do campismo. Com crianças, então, nem era opção. Mas como há coisas que não devemos morrer sem experimentar, as condições foram reunidas e lá aceitei o desafio de uma amiga para ir acampar. A grande questão era que eu não tinha nada de material de campismo. Tenda, colchões, sacos-cama, mesas de campismo, louça de campismo, lanternas, geleiras. Nada de nada. Ainda ponderei comprar uma tenda, mas desmotivei-me depois de ver o tamanho e preço da tenda que precisaríamos. Como a nossa amiga ia também com mais dois casais amigos, a maior parte das questões logísticas e de falta de material puderam ser resolvidas por eles. Emprestaram-nos a tenda, levaram mesas, cadeiras, geleiras e até comida a contar connosco! Acho que é disto que se fala quando se fala do "espírito campista". Depois de chegados ao parque de campismo, perto de Tomar, foi assentar arraiais e começar a disfrutar. Aqui foi mesmo a melhor parte: a experiência valeu só pela felicidade dos três por poderem brincar em liberdade, passar os dias entre o acampamento e a piscina, andar de barco insuflável na praia fluvial de Vila de Rei, andar de pónei, fazer caça ao tesouro, jantar, almoçar e piquenicar ao ar livre e, emoção das emoções, dormir numa tenda! Eles gostaram mesmo! O António, então, esteve numa alegria que não tem explicação. Talvez por ser tudo novidade, andava num entusiamo que só vendo! Ganhou um amigo, o Nis (Dinis) e ainda hoje passou o dia a pedir-me para ir para casa do Nis! Foram só 3 noites, mas foram o ponto alto destas férias, de certeza absoluta! Eu gostei, claro! Tinha algumas reservas em relação à parte das casas de banho, mas felizmente o parque tinha boas condições e os banhos foram pacíficos. Levei o redutor de sanita do António e a coisa correu mesmo bem. No total éramos 6 adultos e 8 crianças. Acho que me vão pedir para repetir!
Hoje houve sermão sobre a desorganização que reina nesta casa porque fica tudo espalhado por todo o lado. Chinelos, brinquedos, copos de água que não voltam para a cozinha, etc, etc, etc. No fim do sermão, com o relambório de argumentos do costume e um pedido de participação para resolver o problema (diz que se eles se envolverem nas decisões é mais fácil, não é?), eis a solução: "Mãe, precisamos de mais helping hands!" (que é como quem diz, alguém que faça por eles). A minha mensagem não está, definitivamente, a passar.
"Francisca, não te preocupes. Tenho um plano. É tão simples que até tu vais perceber!"
Desde que nos mudámos para os orientes que eles (e eu) ficaram com mais curiosidade para conhecer outros países. A conversa sobre os sítios que queremos conhecer neste mundo é assunto recorrente cá em casa. No outro dia, o Afonso dizia que gostava de conhecer a Índia. Eu disse-lhe que para esse destino íamos ter que esperar uns anos para podermos ir todos.
"Porquê?"
"Porque é um sítio com alguns problemas e não é muito fácil levar crianças pequenas."
"Pois, eu sei, mãe, é o global warming, não é?"
E o que a linguagem dele se tem desenvolvido nestes últimos dias?! Acho que deve ser de só ouvir falar uma língua. Repete tudo e bem dito. Continua com expressões exclusivas em inglês, mas como toda a gente acha piada nem sente necessidade de as corrigir ou traduzir, a não ser no outro dia, quando tinha ranho no nariz e vinha a apontar para o nariz e a dizer "Noje, noje" (nose/nariz) e uma das avós achou que ele estava a querer dizer "nojo, nojo"!
O António deu-me hoje o primeiro beijinho. Até aqui quando lhe pedia um beijinho esticava-me a cara e dava-me a bochecha como que a dizer "Dá-me tu!". Eu dava mas pedia um de volta e ele dizia-me um Não! provocador. Hoje pela primeira vez deu-me um beijinho com a boca dele e, perante a minha reacção eufórica (o que é que querem, com um de 8 anos e outra de 6 estes momentos já não são assim tão frequentes...) encheu-me de beijinhos, mesmo sem eu lhos pedinchar.
Recebi no mail os relatórios da escola deles. Comecei a ler, primeiro um, depois o outro. No da Francisca sou interrompida.
"Mãe, lembras-te quando viemos embora do Bahrain e os relatórios estavam tão bons que tu decidiste dar-nos um presente? Ficámos tão contentes!"
Estes relatórios também estão bons, mas acho que desta vez fico-me pelos elogios, que não estou para encher mais esta casa de brinquedos com que ninguém brinca...
18ºC?? O que é isto? Onde é que está o Verão? São Pedro, tende piedade de nós! Viemos com vontade de apanhar fresquinho, mas não era preciso tanto!
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas