Não há como negar, quando dou por mim a rezar resmunguices por não haver ninguém no Toys R'Us para fazer embrulhos, ou por o trolley-boy não estar à mão para me arrumar as compras dentro dos sacos do supermercado, só pode querer dizer que estou a ficar arabizada**.
Além de andarmos a comer tâmaras que nem uns árabes. O raio do fruto é mesmo bom!
*alarve=al arab (árabe)
**ainda não contornamos as filas de trânsito em off-road, mas deve faltar pouco...
Dispensei o GPS na maior parte dos percursos. Aventuro-me cidade adentro sozinha com o meu sentido de orientação. Grande ursa, só vos digo.
Hoje foi dia de ir comprar óculos escuros para as crias. Na loja, a Francisca dirige-se logo aos cor de rosa mais rosa que consegue encontrar e o Afonso vai recusando sugestões da senhora da loja. Todos levavam a mesma resposta "No, those aren't cool enough". Foi enamorar-se de uns meio amarelados, que ele diz que parecem dourados e esses sim, já lhe pareceram cool enough. Ele ganhou, os óculos low-profile e a vontade da mãe perderam.
Abri o precedente. Estou tramada.
Está na dúvida se existe Santa Clock ou se não existe Santa Clock.
Eu sei que para quem está em Portugal, tudo o que as mulheres usam aqui é classificado de burqa. E digo isto sem qualquer tipo de presunção, porque eu pensava o mesmo. Médio Oriente = aquele sítio em que andam todos à pedrada e onde as mulheres são obrigadas pelos pais ou maridos a andar de burca. Não é de todo verdade. Há realmente muitos sítios da região onde andam todos à pedrada (umas vezes com sentido figurativo, outras nem por isso) e realmente algumas mulheres cobrem o corpo, o cabelo e em alguns casos, a cara toda por imposição dos maridos ou dos pais. Mas a verdade é que mesmo que muitas pudessem escolher, não mudavam nada na sua indumentária. O que é curioso é que este fenómeno parece ser recente. Vemos fotografias dos anos 50, 60 e 70 e as mulheres "urbanas" não andavam cobertas como hoje em dia. Vestiam-se de forma discreta e pouco reveladora mas não andavam todas de preto, cobertas da cabeça aos pés. As que viviam em tribos nos desertos usavam roupa que as protegesse das condições áridas, mas não o faziam por motivos religiosos. E penso que hoje em dia, o que as leva a cobrir a cara é mais cultural que religioso (segundo os especialistas, não há parte nehuma do Corão que diga que uma mulher deve cobrir a cara ou vestir-se de preto da cabeça aos pés).
Mas o que eu vos queria mostrar é um facto que descobri há pouco tempo: os trajes variam imenso de país para país. Aqui nos Emirados as mulheres mais velhas usam uma máscara, a que chamam burqa, que nada tem a ver com a burqa que estamos acostumados a ver (aquela burqa azul, com uma renda na zona dos olhos, que cobre as mulheres afegãs). Esta burqa aqui tem também um efeito de adorno; é muitas vezes usada como se fosse uma jóia, que se põe nas ocasiões especiais (há uma imagens que não consegui encontrar de burqas super adornadas, usadas pelas noivas e em cerimónias importantes). A burqa é também um sinal de orgulho " The design of the burqa is meant to mimic the features of the falcon, a symbol of grace, pride and strength."
As burqas revelam a posição social da mulher: quanto melhor o material usado, mais alto o nível social de quem a usa. Hoje em dia é muito raro cruzarmo-nos com mulheres que usem este tipo de burqas. As mulheres locais adoptaram a moda Saudita: túnica comprida preta (abaya) com lenço a cobrir o cabelo(hijab) e algumas com um véu a cobrir a cara, deixando os olhos de fora (niqab).
Aqui está uma imagem da burqa tradicional dos Emirados; nesta foto, a senhora que a usa é uma das poucas que ainda a produz manualmente.
Nesta imagem estão representados também alguns dos outros tipos de lenços/véus utilizados:
Não é nada. Pelo menos aqui. Não há frio, não há chuva, não há lareiras e o que se proclama aos sete ventos nas publicidades é um perú recheado de nem sei bem o quê que só lembra aos americanos. Tenho uma placa vitrocerâmica com duas resistências em que não cabem duas panelas ao mesmo tempo, um forno que é forno e microondas e me seca os assados todos, as formas dos bolos encaixotadas e pouca bancada para estender massas.
Então, se não fosse pedir muito, é favor adiarem isto até lá meados de Fevereiro, data em que estaremos instalados (?) e prontos e comemorar como deve ser.
Para prevenir, como já sei que estes meus pedidos podem cair em saco roto, fui hoje ao Toys R'Us e aviei os brinquedos da juventude toda, não vá o Natal decidir-se a ser casmurro e a não me fazer a vontade...
Saímos do hotel. Passamos pela fila de táxis que está normalmente na rua, nesta zona de hotéis e uma voz muito triste e desiludida vem lá do banco de trás a perguntar "Ó mãe, porque é que o pai não quis antes ser taxista? Era tãããããão mais giro!"
Pela manhã, rádio a tocar esse clássico natalício que é o Last Christmas dos Wham. Com miudos que dominam inglês, ouvir música é uma coisa que dá muito mais trabalho e exige muitas explicações (e coloca questões que nem eu, muitas vezes me colocaria). "Ah, coitado do senhor! Deu o coração no Natal e depois a senhora ou o senhor a quem ele o deu não o quis mais... Deve ter ficado muito triste, que falta de educação..."
Já que nos toca passar o Natal no hotel, ao menos que tenha uma árvorezinha de Natal. Já comprámos e montámos a nossa. Este ano não deu para fazer o presépio de barro nem nada das aventuras do ano passado, mas a árvore não nos vai faltar.
Não vamos conseguir fazer as bolachas nem os enfeites de massa pintados para pendurar (não tenho bancada de cozinha para estender massas...), vamos ter que nos contentar com enfeites Ikea e doces comprados no supermercado...
Se alguém nos quiser oferecer umas férias em Portugal (viagem+estadia) estão à vontade, não nos importamos nada de trocar o calor por boa comidinha, boa vinhaça (não pode faltar!) e boa companhia :-)
26ºC já não nos parece calor suficiente para ir à piscina ou fazer praia.
"Está desagradável", dizemos nós. É que corre uma brisa e já não dá vontade. De manhã estão 17ºC ou 18ºC e temos que agasalhar os miúdos, senão constipam-se....
Fazem-nos pirraça com os banquetes que estão a comer, nós atiramo-vos à cara as temperaturas primaveris com que vivemos nesta altura.
Permuta: trocamos uns 25ºC solarengos por um dia de comezainas à lareira (queremos vinho tinto, enchidos e doces de todos os tipos)
Porque, apesar dos erros ortográficos, o texto produzido mostra bem que os conceitos estão a ser aprendidos (noutra língua, é certo, mas o raciocínio está todo lá):
"Eu gosht the migna vo e do mio avo" (Eu gosto da minha avó e do meu avô). Deve ser a isto que os especialistas chamam escrita fonética, não?
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas