Além de comerem mal que se fartam, também não são brilhantes no que toca ao vestuário. É muito frequente ver-se vários tipos de pessoas que se vestem com estilos bastante diferentes do que se vê em Lisboa, nisso não tenho qualquer tipo de preconceito. Agora, há pessoas que conseguem, na mesma indumentária ter vários estilos. Não é incomum ver-se homens de fato e de havaianas; ou fato e ténis. E uma pessoa, que está habituada a ver fatos de bom corte com camisa e gravata a condizer, aqui até se passa. Não dá a bota com a perdigota, salvo poucas e honrosas excepções (não devem ser ingleses, de certeza)...
Também se vê muito por aqui mulheres com conjuntos normalíssimos de tailleur e depois de chanatas (umas coisas chamada Fit-Flops, que aqui estão na berra - o chinelo que emagrece). Aliás, aparentemente elas acham que essas fit-flops vão bem com tudo: vestidos, saias, calças. Depois há outras pessoas (mulheres essencialmente), que parecem saídas de desfiles de moda. Estão a ver aquelas roupas que nós achamos que é impossível saírem da passerelle para o dia a dia? Aqui também há disso; é muito engraçado de se ver...
Aqui não temos medo de andar nas ruas, é um facto. Nunca vi ninguém que me fizesse ter vontade de fugir para o outro lado da rua. Mas há um excesso de segurança, principalmente na estação de metro onde fica a escola do Afonso, que não me deixa muito segura. Todos os dias há lá polícia de intervenção a revistar pessoas (normalmente homens, normalmente árabes). Isto devia transmitir-me segurança, mas deixa-me ao contrário.
Em relação a segurança, hoje também me aconteceu uma engraçada; tive que me identificar no supermercado para comprar uma gilette. Sim, é verdade. É considerado um artigo perigoso e só pode ser vendido a maiores de 25 anos. A senhora na caixa teve dúvidas que eu preenchesse o requisito da idade e perguntou-ma. Quando respondi 30 anos, franziu o sobrolho e pediu-me a identificação. O que vale é que é um elogio...
Aos cinco e três anos as crianças não valorizam viagens que sejam sinónimo de passear e ver culturas e monumentos... Ao perguntar ao Afonso o que é que ele tinha gostado mais em Paris, a resposta, mais do que evidente: andar no comboio e no autocarro descapotável.O mais engraçado não é a resposta em si; é o ar desiludido do Pai, que ainda se dá ao trabalho de perguntar... O que é que estavas à espera? Ahh, adorei a estrutura metálica da Torre Eiffel ou então O que eu gostei mais foi a arquitectura do Louvre, só tive pena de não conseguir ver a Mona Lisa. Ainda assim, só não responderam que o que gostaram mais foi de comer McDonalds e afins todo o fim de semana porque a vida em Londres já os habituou mais a isso, senão...
Decora-se as deixas e depois aplica-se nas alturas certas. Esta cena passa-se em casa; estão os dois a brincar a qualquer coisa e a Francisca começa a querer fazer-lhe inveja com qualquer coisa. Diz-lhe naquele tom irritante: Olha o que eu tenho aqui, nha, nha, nha, nha, nha, nha.
Ele olha para ela e, num tom monocórdico e trocista diz-lhe: Ya, miúda, tens uma vida de sonho... (frase tirada do Faísca McQueen dos Carros)
No outro dia estava a almoçar com eles num Burger King e reparei que havia uma senhora que olhava muito para nós e de vez em quando se ria. Percebi logo que devia ser portuguesa, pelo aspecto dela e pelo ar de que estava a perceber tudo o que conversávamos entre nós. Às tantas, antes de se ir embora chega ao pé da nossa mesa e diz-me que eu tenho uma filha encantadora, muito bonita, uma boneca (nas palavras exactas). Conversa puxa conversa (este assunto de nos dirigirmos aos portugueses em países estrangeiros e de sermos mais simpáticos do que no nosso próprio país poderia dar um post isolado) e ela lá diz que é educadora de infância, tinha começado a trabalhar ali naquela semana e pergunta-me se eu conheço algum sítio onde ela pudesse ficar, porque estava a morar num quarto, etc, etc. Disse-lhe que não, porque nós estávamos a morar longe daquela zona; ali era a escola de inglês do Afonso e não conhecíamos grande coisa. Depois, já não sei a que propósito, diz-nos que queria mudar de casa porque a situação do aluguer do quarto não devia ser muito legal, segundo lhe parecia e ela não estava contente com a situação. Vira-se o Afonso para ela (eu achava que ele nem sequer estava a prestar atenção à conversa por causa dos brinquedos que vêm sempre com a comida...)
"Não te preocupes, eu tenho um bom advogado!"
A chuva, claro; não a música
Aqui é tudo low fat ou no fat de todo, probiótico, orgânico e proveniente de comércio justo (e até aposto que quase toda a comida tem 10.000.000 de L. Casei Imunitass).
Mas se uma pessoa quiser encontrar um ecoponto onde possa deitar o seu lixo todo separadinho por cores e feitios, tem que andar à procura dos centros de reciclagem por toda a cidade de Londres (eu até agora só descobri um, por acaso, em Wimbledon, a 40 minutos de casa).
Temos que trazer para cá o nosso Vidrão&Cia. Lda.
Não sei se terá sido por causa daquele post em que eu disse que finalmente ia perceber do que é que as pessoas falavam quando diziam maravilhas da luz de Lisboa, a verdade é que são 3 da tarde e eu tenho que estar a escrever de luz acesa, em pleno Julho.
Pronto, OK, já percebi; agora podem voltar a acender a luz natural nesta terra, s.f.f.
Se acham que a nossa imprensa é mázita, não queiram ler alguns dos tablóides daqui. Aquilo é enxovalhanço puro e duro. Mesmo no jornal gratuito do metro, notícias há poucas. É só mexerico (agora, o que me chateia mesmo a sério, não é a fofoca em si; é eu não fazer a mais pálida ideia sobre quem são aquelas pessoas de que se fala....).
"Eu gosto da L. É barulhenta como todas as miúdas, mas é muito menos confusa"
Pois é, ainda não tinha falado de compras. Temos feito algumas, umas por necessidade, outras por oportunidade. O curioso aqui é que os saldos chegam a todo o lado. Até às farmácias (por falar nisso, as farmácias aqui são sítios onde, além de se vender medicamentos e dermo cosmética, revelam fotografias, fazem fotocópias e outras coisas do género).
E, pela primeira vez na vida, consegui comprar calças de ganga sem ter que mandar fazer baínha. Parece impossível, logo em Inglaterra, que as pessoas são muito mais altas do que em Portugal, consegui encontrar calças onde é possível conjugar quase todas as cinturas com quase todos os comprimentos de perna.
Fim de semana tem sido sinónimo de laureio de pevide. E de junk-food, também. Desta vez a chuva deixou-nos ir ao museu de ciência (a fila para o de história natural dava a volta ao quarteirão). Apesar de o museu de ciência não estar no topo da minha lista de interesses, é sempre muito bom visitar os museus daqui. Com muito para se ver, muito para aprender. E aqui os museus são sítios vivos, nem sei se consigo explicar bem. Os museus a que me habituei são sempre quase como uma espécie de templos. Aqui não; as crianças brincam, comem, tira-se fotografias a tudo o que se quiser; descansa-se, conversa-se, bebe-se café...
O inglês do Afonso vai andando, devagarinho. Já diz algumas (poucas) coisas. I'm sorry, hello, thank you e por aí... Sabe alguns nomes das estações de metro e paragens de autocarro que nos interessam e tem andado entusiasmado com a escola. Tem recebido medalhas douradas autocolantes quase todos os dias pelos trabalhos que faz e isso deixa-o todo orgulhoso.
O tempo continua às caretas (até aqui, nada de novo). Continuo sem acesso ao SAPO fotos, o que é uma chatice porque assim estes posts não têm metade da piada. O nosso fornecedor de internet bloqueia imensos sites. Temos que ir a uma loja, apresentar identificação e pedir o desbloqueio desses sites.
E é assim, cá continuamos, com os dias feitos de escola, almoços, sestas e passeios (e casa para limpar, roupa para lavar e passar, comida para fazer....) já a ficar com alguma inveja de quem pode ir à praia apanhar uma corzinha (já que a nossa se aproxima dramaticamente da cor de choco sem tinta).
Estava a terminar um post tãããão grande, quando o meu computador fez qualquer coisa sozinho que me fez ir para a página principal do blogue e atirou o post para o buraco negro da blogosfera. E era um post tão lindo, sobre as aventuras e desventuras destas quatro criaturas na ilha da comida sensaborona e desta princesa que está invadida de uma preguiça tão grande, mas tão grande, que só de pensar em escrever tudo novamente me dá vontade de ir ali para o sofá e dormir uma sesta para não pensar mais nisso.
Desculpem lá, mas hoje não vai dar...
*substituam pelos piores palavrões que vos vierem à cabeça
Agora chove... É o que se pode esperar, mas realmente, este povo daqui não tem sorte nenhuma com o tempo. A seguir a uma "onda de calor", com temperaturas a rondar os 30º C, chove e faz frio. Não que me importe muito, prefiro estas temperaturas mais amenas, mas assim uma pessoa desorganiza-se!
Este fim de semana foi feito de passeios turisticos: o tão desejado Museu de História Natural, que é realmente fantástico, cheio de gente e movimento e com muito para ver (tanto que temos que voltar para ver o resto). Fizemos também aqueles passeios nos autocarros turísticos pela cidade e fomos aos sítios mais emblemáticos de Londres, com direito a cruzeiro pelo Thames e tudo. Claro que com isto tudo, alimentámo-nos de junk food o fim de semana todo... Temos que arranjar uma estratégia para contrariar isto, mas é difícil. Os bons restaurantes são caríssimos; comer em casa faz-nos perder muito tempo e não conseguiríamos dar as voltas todas. Temos que comprar um cesto de piquenique e piquenicar nos parques :-)
Algumas curiosidades que tenho observado: esta gente idolatra o Jamie Oliver. Nos grandes armazéns há louça Jamie Oliver, talheres Jamie Oliver, têxteis para casa Jamie Oliver; não garanto que não existam electrodomésticos Jamie Oliver.
Inglaterra deve ser um bom país para ter filhos. A quantidade de crianças dentro e fora das barrigas das mães é impressionante... Eles andam por todo o lado.
Hoje à tarde temos agendado um passeio até aos jardins de Kensington, onde há um parque infantil que fascinou o Afonso e a Francisca. Cheira-me que vai ter que ficar adiado, por causa da chuva.
Lisboa é realmente uma cidade muito mais luminosa. Já percebo as saudades da sua luz. Não é uma questão propriamente de qualidade, mas mais de quantidade.
Sinto-me de férias; isto não me está a parecer nada o início de uma nova vida. Já temos regresso a casa marcado, na primeira semana de Agosto. Depois dessa estadia, acho que vou cair mais na realidade que me espera, até porque a partir de Setembro mudamos de destino para o médio oriente. Se eu achava que aqui estava calor, nem quero pensar quando estiver com máximas de 45ºC e mínimas de 32º/ 33ºC
Não tenho ilustrado os posts com fotos porque aqui o meu acesso à internet é lento e acabo por nunca conseguir carregar o Sapo Fotos, com muita pena minha.
Bem, vou ali pôr ordem no quarto que hoje a sesta não está a ser fácil (ao fim de uma semana seguida com a Francisca o dia todo, já me apetece deportá-la algumas vezes... raio de feitio, não sei onde o terá ido buscar...)
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas