Já aqui devo ter referido, algures, que o Afonso quando se apanha à frente da TV fica completamente hipnotizado, dando até a impressão que não pestaneja sequer... Eu não tenho nada de muito concreto contra o facto de as crianças verem televisão, mas há coisas que não acho razoáveis: não acho razoável que num dia cheio de sol eles estejam fechados na sala a ver desenhos animados, por exemplo. Quando o Afonso me pede para ver televisão a meio da manhã ou da tarde, tento sempre que ele vá brincar para o quintal ou que vá jogar à bola ou andar de bicicleta. Se o clima não permitir, prefiro sempre que ele brinque, mesmo que seja dentro de casa. Claro que sei que também não lhe faz mal ver os desenhos animados (desde que sejam os da RTP 2, porque os do canal panda não são nada recomendáveis, na sua maioria). Deixo-o ver durante algum tempo (pouco, de preferência) e depois "encaminho-o" para outra actividade.
Nas nossas férias fiquei perplexa. Num dos dias fomos jantar fora. Claro que jantar fora com 2 crianças pequenas não é nada que se pareça com um jantar relaxado; mas comparando com os jantares em casa, sempre se descansa um bom bocado. Acho que esses momentos devem ser aproveitados para estar com eles, sem grande coisa a preocupar-me nem com muito por onde dividir as minhas atenções.
E nesse restaurante fiquei perplexa porque um casal que se sentou na mesa atrás de nós levou para o restaurante um leitor de DVD portátil e uma carradona de filmes do Noddy e do Ruca. O filho deles devia ter um pouco mais de idade que a Francisca, mas talvez não muito. Claro que o jantar deles foi tranquilo. O puto já devia ter comido, ficou o tempo todo a ver os filmes. Os meus ficaram todos contentes, calados e quietos (é bem verdade) a olhar para o mini-écran, num estado quase catatónico. O jantar correu calmamente, principalmente para nós, pais. Mas não houve grande interacção entre nós os 4.
Cada um educa os filhos da melhor maneira que sabe e pode, mas achei este episódio tão representativo dos pais que nos estamos a tornar que me assustou um bocado... Às vezes penso que quanto mais coisas lhes queremos dar, de mais coisas os privamos.
Às vezes costumo chamar a Francisca de "florzinha". Hoje, ao dirigir-me ao Afonso, saiu-me automaticamente "Minha florzinha".
- Olha, os meninos não são florzinhas! Chama-me antes princípe ou rei, está bem?
Acabo de ir ao quarto deles distribuir palmadas no rabo. As criaturas estavam a mandar cuspidelas uma à outra, como distracção até o sono vir. Dada a distância entre camas, evidentemente as cuspidelas faziam apenas um curto trajecto... até ao chão.
No meio de algumas lágrimas, o Afonso, o Consolador, diz:
Vá lá, Francisca, não chores... Eu estou aqui ao pé de ti, está tudo bem!
Se fosse sempre assim pela vida fora....
Da música, do filme de cuja banda sonora faz parte, e claro, do Caetano.
Um destes dias, no meio de uma cantoria, o Afonso sai-se com este refrão:
"Viva, viva, viva, (não sei quê não sei que mais), MORRA, MORRA, MORRA (não sei quê não sei que mais)!
Morra, morra, morra? Pensava que ele tinha andado um ano num colégio católico, pelos vistos devo ter andado enganada...
Ele já se esqueceu um bocado deste ano que passou. Não sei se é por estar de férias (também será, com certeza), mas noto-o muito mais feliz do que nos últimos meses. Espero que a felicidade se mantenha com a nova escola
E eu estou roída de inveja
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas