Aqui há dias aconteceu esta conversa interessante entre a auxiliar da sala do Afonso e a minha pessoa:
- Olhe, mãe, o Afonso não tem bebido leite nenhum ao lanche. Se calhar vai ter que lhe começar a trazer leite de casa.
- Mas porquê, o leite mudou ou aconteceu alguma coisa?
- Ele recusa-se a beber leite com chocolate...
- Pois recusa, ele detesta chocolate.
- Ainda tentámos que ele bebesse, mas ele cuspiu o que tinha na boca e não insistimos mais!
- Mas porque é que insistiram se ele estava a dizer que não gosta? Além do mais, não é lá muito saudável habituarem as crianças desta idade a beber leite com chocolate.
- Pois, mas muitos não gostam do sabor do leite em pó e então põe-se um bocadinho de chocolate para disfarçar
- Ah, o leite que eles bebem é em pó - disse eu, provavelmente já um bocado amarela com a conversa e a imaginar o fantástico que deve ser beber leite em pó e comer uma carcaça sem nada, ao lanche. Sim, porque de há uns tempos para cá acabou-se o queijo (deve sair muito caro) e só há manteiga para pôr no pão. Como o Afonso não gosta da manteiga (que deve ser margarina daquela tipo becel, mas em versão rasca) come o papo seco (literalmente seco).
- Então a solução é fácil, - digo eu - basta pedirem na cozinha para não pôr chocolate num dos copos!
- Ah, isso já não sei se é possível... O melhor mesmo é falar com a educadora.
- Ok, então eu falo (aqui já devia ter passado do amarelo para o verde)
Lá vou eu...
- Blá, blá, blá, chocolate no leite, blá, blá, blá, é só pedir à cozinheira para não pôr, blá, blá, blá, ele não gosta mesmo, não vale a pena insistir.
- Ah, mas era melhor trazer o lanche de casa, blá blá blá
- Já lhe disse porque não o faço, isto e aquilo, não acho possível que isto seja um problema, tratando-se ainda por cima de uma coisa que não é fundamental para o crescimento deles (é que já parecia que eu estava a dizer para não lhe darem legumes ao almoço e que ele só podia comer fritos!)
Conversa volvida, senti-me uma extraterrestre, mas o miudo no dia a seguir lá conseguiu beber o leitinho em pó simples (blarghh) com o papo seco (seco mesmo).
Será que Julho ainda demora muito a chegar???
A questão dos percentis não é, de todo, algo que me tire o sono (que, aliás ultimamente tem sido de rochedo). Sempre convivi bem com o facto de ter um filho percentil 10, apesar de algumas mães fazerem concursos de percentis nas salas de espera dos médicos, como se isso fosse um atestado de capacidade para elas próprias. Também sempre achei que a questão da comida é, para ele, uma das formas de testar os nossos limites em termos de regras e tentar (re)definir a nossa "hierarquia doméstica"; estava, e continua, a perceber qual o lugar dele na família e até onde pode ir em relação a certas questões. Ontem, na consulta dos 4 anos foi constatado que o Afonso passou para o percentil 50, tanto no peso como na estatura, o que para ele é uma estreia! 16 kg e 103 cm já tem o meu menino!
"A mãe chama-se Vanda e é ela que faz o almoço e o jantar. Ela é boa para mim porque brinca comigo aos animais."
Afonso, 4 anos.
Divulgação feita num placard da escola, numa cartolina tamanho A3, a acompanhar a imagem de uma flor pintada pelo petiz.
Estas afirmações merecem alguns comentários:
1. Depois de ler as afirmações dos outros meninos tenho que te dizer:
Afonso, MUUUITO obrigada por não teres dito:
2. A parte de brincar aos animais não é bem verdade. De facto, quem brinca aos animais é o Pai. Eu normalmente sou a desmancha-prazeres que acha sempre que a brincadeira está a ficar "animalesca" demais.
3. A parte do "é boa para mim" é, na maior parte das vezes, verdade. Às vezes não tanto como devia ou porque me falta a paciência ou porque o dia correu mal ou porque ou porque ou porque...
4. A parte do almoço e do jantar, essa sim, é a única parte que é 100% verdadeira, até porque, exceptuando os fins de semana (em que não estou mãe-solteira) e os dias de pizza do camião não me restam grandes alternativas...
5. Fiquei também a saber que a maioria dos meninos sente que as mães trabalham muito, seja nas tarefas domésticas ("a mãe faz a comida"; "a mãe lava a cozinha"; "a mãe arruma a casa"), seja nos próprios empregos. E eu que pensava que eles não se apercebiam da correria que é a vida das mães!
15h04m.
Mais um marco nesta nossa curta história.
Desta vez, a Francisca. Desta vez, quase 40 semanas de gestação e uma bebé bem mais rechonchuda que da primeira. 3365g de gente. Uma menina que, apesar do seu mau feitio e alguma timidez, transborda alegria para quem com ela convive no dia a dia.
Ainda não fala, diz atabalhoadamente algumas palavras soltas, mas expressa-se de outras formas, de maneira a conseguirmos sempre perceber o pretendido. Quanto a nós, percebe tudo, tudo o que lhe dizemos. E é uma bebé muito linda! (tecnicamente posso chamar-lhe de bebé até ao ano que vem :-))
... e eu voltei a relembrar como são lindos os recém-nascidos, aqui ficam os meus.
O Afonso, com dois dias de vida, há 4 anos e 13 dias e a Francisca, com 5 horas de vida, há 2 anos menos 4 dias.
O meu sobrinho Tomás já nasceu.
É um lindo menino, que nasceu numa sexta-feira de muita chuva e temporal.
Este fim de semana tivemos muita actividade social.
Começámos na sexta-feira. Fomos aqui, provar algumas delícias biológicas. O Afonso divertiu-se porque foi um evento muito frequentado por gente de palmo e meio e ainda comeu uns tomatinhos biológicos, todo deliciado. Brincou com o seu amigo G. e chegou a casa meio morto.
No sábado, tivemos direito a um almoço para comemorar um acontecimento muito especial. Fomos ao "restaurante da peixaria" (tradução do Afonso para restaurante com peixe fresco) e ainda apanhámos um solinho (meio tímido, é verdade, mas agradável).
Domingo foi a apoteose, com a festa de aniversário do Afonso. Desta vez não teve bolo do inimacuíni mas teve MUUIITOS bolos de todos os tipos, tamanhos e feitios. Claro que os miudos estavam mais preocupados em destruir-me a casa do que em comer, pelo que tanto trabalhinho foi em vão... :-) Mas ele divertiu-se muito porque foi a primeira festa que teve sem ser só para a família mais chegada (que a ver bem, só esta inclui quase 20 pessoas). Este ano achei que ele ia gostar de ter alguns amigos para brincar, apesar de me ter limitado aos amigos mais próximos e respectivos filhos (não tive coragem de convidar os 25 terroristas da escola dele).
Eles divertiram-se e eu fiquei contente.
Boa semana!
Em Fevereiro.
Eu explico: antes de Fevereiro tínhamos na sala uma pequena (MESMO pequena) TV, emprestada por um dos meus irmãos. Não tínhamos cabo, satélite, mil canais nem tão pouco um leitor de DVD. Quando na escola se falava do panda, cartoon network, baby tv, disney channel ou de alguma personagem de animação que não constasse na programação do Zig-Zag da RTP2, o Afonso ficava completamente "a leste" das conversas entendidas dos amigos. Ora como nós não queremos que o miúdo seja um ignorante no que toca às maravilhas do mundo moderno, comprámos tudo. Temos uma TV (bem moderna por sinal), leitor de DVD e até TV cabo (aqui fomos contidos e contratámos só o pacote clássico, o que, convenhamos, para nós até é demais). Já temos alguns filmes na prateleira e, se deixássemos, o Afonso passava o tempo todo que tem disponível agarrado à "caixa" mágica. Confesso que começo a achar que estávamos bem melhor antes.
Bem, a televisão grande dá jeito porque eu sou míope e já não conseguia ler legendas ou focar bem as imagens na pequenina. Agora os 40 canais e o leitor de DVD (associado a todos os filmes de animação que depois vão circulando lá por casa) é que talvez fossem dispensáveis... O Afonso transforma-se em estátua quando o aparelho se liga (isto quase que dava direito a um post com o título Sou tão parecido com o meu Pai II) e se por acaso a sessão é interrompida por qualquer motivo insignificante e desprezível (tipo ir para a escola ou para o banho ou jantar), é vê-lo fazer birras como poucas vezes tinha visto nos 3 anos anteriores da sua existência...
Sete e meia da manhã.
8 de Abril de 2004.
37 semanas + 2 dias de gestação.
Foi aqui que tudo começou. Ou uma parte de tudo o que agora vivo e sou.
Como já disse eram sete e meia da manhã e nada fazia prever que o Afonso fosse nascer neste dia. A data provável do parto (40 semanas de gestação) era 28 de Abril. Mas o Afonso resolveu antecipar-se e dar-se a conhecer neste dia 8 de Abril de há quatro anos. Quinta-Feira Santa e dia de poucos recursos (humanos e materiais) na MAC. Desde então, muita coisa mudou na MAC (segundo ouvi dizer). As grávidas já podem estar acompanhadas durante o início do trabalho de parto, em salas com alguma privacidade e até já podem ter uma palavra a dizer sobre como querem que decorra o trabalho de parto nas diversas fases (desde que a gravidez tenha sido normal e não haja risco para o bebé). Pois ali, naquele dia não foi isso que aconteceu. Mas, apesar da solidão que senti, das dúvidas que me assaltaram durante aquelas longas horas e de alguns despropósitos que ouvi de algumas auxiliares e enfermeiras, conseguiu ser dos dias mais felizes da minha vida, só pelo simples facto de ter visto o meu pequenito pela primeira vez. Eram 23h05m e ele era uma formiguinha, com 2,618kg e 45 cm.
4 anos de gracinhas, traquinices, carinhos, correrias, cantorias, algumas angústias e muita, muita, muita e verdadeira ALEGRIA.
PS: Alegria contagiante foi quando esta manhã constatou que tinha um bolo de aniversário do inimacuíni (i.e. Lightening McQueen) dos carros
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas