Um iPhone caido na sanita e planos de um fim de semana em Banguecoque gorados à última das últimas horas - mais concretamente na porta de embarque, quando nos dizem que o avião está em overbooking e precisam dos nossos lugares para acomodarem dois passageiros que tinham prioridade de embarque.
Depois do fim de semana todo a secar, o iPhone não acordou e nós também não acordámos em Banguecoque.
É mesmo caso para dizer: shit happens.
Tantos meses, dias, horas desde o último texto. Não sei se me apetece retomar isto, se enterrar isto de vez. Quase mais vale começar de novo. Lembram-se daquelas crianças adoráveis que povoavam as linhas deste sítio em 2007? Não? Eu quase também não. Agora aqui convivemos cinco pessoas (a família não aumentou!) muito diferentes das que éramos quando vocês aí desse lado nos conheceram.
Recapitulando: o Afonso tem 11 anos (quase 12), a Francisca 9 (quase 10) e o António 5 (quase 6).
Eu passei de bestial e querida e "menina mãe" a besta quase todos os dias. Sou uma pessoa chata que não entende que aos quase 12 anos e aos quase 10 anos as crianças, perdão, as pessoas, precisam de ter instagram, facebook, whatsapp e o seu próprio iPhone (pode ser o 6S, pretty pleaaase?). Mas também precisam de skinny jeans, flat caps, ténis converse ou vans e óculos escuros fixes e que não sejam "dull". Os meus programas de fim de semana são chatos e nesta casa só fazemos o que os adultos querem. A escola é o sítio onde os amigos estão e por isso é um sítio fixe, tem é poucos intervalos e depois há aquela parte em que as crianças, perdão, as pessoas têm que estar com atenção ao que mais um punhado de adultos "boooring" dizem.
Claro que a excepção a este desencanto ainda é o António, mas temo que com o que vê todos os dias rapidamente chegue ao estado de aborrecimento e revirar de olhos permanente das outras crianças, perdão, pessoas, desta casa.
Como podem ver, tudo está no seu lugar (Graças a Deus)!
Recebemos um convite para uma almoço de aniversário logo num dos primeiros dias em que vamos estar em Portugal. Ao incluir este almoço nos planos para esses dias, o Afonso pergunta se é em casa ou num restaurante. Respondo que é num restaurante.
Espero que seja numa tasca!
É um senhor.
Mente descaradamente. A maior parte das vezes para se defender, algumas outras só para acusar alguém. Ontem, ao ligar para casa para saber como estavam os enfermos, falei com ele. Perguntou-me se podia ver televisão e eu disse que ainda era cedo. Sugeri que lanchasse e depois fosse brincar um bocado antes de ver televisão. Pergunto-lhe se lanchou, e, ao ouvir que sim, tinha lanchado, pergunto o quê.
"Iogurte e pão com fiambre".
"Hmm, nós não temos fiambre em casa", digo, desconfiada.
"Ah, pois não, foi pão com queijo mozzarella".
"E comeste cru ou fundido?".
"Ahhhmm, não sei..."
"Então passa à Priya (quem toma conta deles enquanto eu trabalho) para eu lhe perguntar o que foi o teu lanche.
"Ok. Priya, here is my mum. Can you tell her a lie and say I had bread with mozzarella, please?"
Sabes, mãe, às vezes eu e os meus irmãos somos como os textos da escola. O Afonso foi a introdução, eu sou o problema* e o António foi a conclusão, o happy ending.
Acho que não gosto muito do papel que me calhou.
*aparentemente, o que nós chamávamos de "desenvolvimento" na escola, eles chamam "problem". Não no sentido de "problema", mas de questão por resolver/desenvolvimento da história.
A Francisca há muito tempo que diz que as semanas deviam ter dois dias e os fins de semana cinco. Esta semana, os sheikhs fizeram-lhe a vontade: três dias de feriado colados ao fim de semana e apenas dois dias de escola. Pena que nesses dois dias de escola tenha ido à enfermaria duas vezes, uma com dores de ouvidos, outra com um corte grande no dedo! Nesta última semana já tivemos piolhos em duas das três cabeças juvenis, cortes profundos quase com direito a pontos, febres altas, dores de ouvido e dores de cabeça.
Não me lembro de uma maneira melhor de passar os cinco dias de fim de semana!
Cheerleader. É o que a miúda diz que quer fazer como actividade extra curricular.
Ai...
Por outro lado, a terra continua a girar, os bebés continuam a nascer e a comunidade portuguesa fixe em abu dhabi continua a aumentar. Bem vindos aos mais recentes membros da vizinhança, bebé A. e bebé F.!
Têm aqui três primos emprestados prontos para vos ensinar coisas giras!
As pessoas deviam morrer de velhinhas. Na sua cama, um dia iam dormir e já não acordavam na manhã seguinte. Iam em paz e os que lhes sobreviviam ficavam pacificados também, por saber que a missão daquela pessoa estava cumprida, depois de uma vida cheia, longa e feliz.
A minha amiga Judite morreu, com um cabrão de um cancro no pâncreas que lhe trouxe um fim triste e que vai deixar memórias igualmente tristes nos que a acompanharam nestes últimos meses. A doença dela deixou-me em choque; a morte dela deixou-me sem muita coisa que dizer. Não sei o que se diz nestas alturas. 36 anos, uma filha de 4. A Judite era uma mulher determinada e arregaçava as mangas para enfrentar a vida, mas desta vez isso não chegou. Eu acobardo-me perante este monstro. Ela lutou com quantas forças tinha, mas não foi suficiente. As pessoas deviam mesmo morrer de velhinhas.
Era o que eu esperava encontrar por aqui. Abri a porta da casa e em vez de levar com uma teia de aranha na cara, verifico que a casa foi completamente remodelada. O backoffice dos blogs do SAPO está completamente diferente. Não sei há quanto tempo se deu esta mudança, mas agora não conheço os cantos à casa.
Vim cá só para dizer que estou viva e espero estar de regresso ao relato. Acabei de aprovar comentários que me tinham deixado desde Agosto (desculpem!) e agora vou ter que dar umas voltas de reconhecimento à casa que aloja este blogue.
Então até já, sim?
Que mais gozo me dá fazê-las.
(Hoje nadei outra vez 2 km e não me apetecia nada. Até começar)
Não me tornei crudívora.
Tornei-me sushívora este Verão.
Estão todos bem.
Ligam-me pouco e não gostam de falar pelo skype.
O Afonso só quer saber dos primos, da piscina e do cão da avó.
A Francisca tem loom bands (como é que se chamam essas pulseiras de elásticos aí??) até aos cotovelos.
O António, em Portugal há um mês, continua com frio. Sempre que falo com ele, está de manga comprida.
Estão divertidos.
Bem alimentados (desconfio que demais)
Já quase não metem palavras em inglês no meio das frases (é sempre um objectivo das férias em Portugal - reduzir o número de ocorrências deste tipo)
E o que é que isto quer dizer? Resumidamente quer dizer que hoje é o último dia do Ramadão, que amanhã e depois é feriado (para os sortudos que trabalham para empresas públicas é feriado a semana toda!), que quarta e quinta-feira quando for trabalhar já não tenho que ir beber água às escondidas, já posso comer as minhas uvas e maçãs a meio da manhã e da tarde na minha secretária e que faltam cada vez menos dias para deixar de estar sozinha. Para comemorar acho que vou ao Dubai às compras e aproveito o facto de os retaurantes voltarem a abrir durante o dia para almoçar fora!
Estou a tornar-me preguiçosa crudívora. A única coisa que cozinhei numa panela até agora foi sopa.
Mais postes com substância deste calibre to follow.
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas