Porque é que as cuecas de menina são todas tãããããããão PIROSAS??? Quase estive a mandar a míuda para a escola com as cuecas do irmão!
Desde que o Afonso anda no novo colégio, há várias coisas que não me deixam lá muito satisfeita. A que mais cedo me saltou à vista foi o facto de haver à entrada da sala uma caixa de plástico que tinha inscrita a palavra "LANCHES" nela. Logo no 1º dia perguntei à educadora para que servia a dita caixa, uma vez que os lanches estavam incluidos na mensalidade. Ela explicou-me que aquela caixa era para os pais que assim desejassem deixarem o lanche para as suas criancinhas. Ok, pensei. Hoje em dia há tantos miudos com alergias e intolerâncias, que não é de estranhar. Uns não podem comer pão, outros não podem beber leite... Faz sentido. Mas a verdade é que não faz, porque esses casos são a minoria. Eu decidi que não ia levar lanches especiais porque o lanche da escola é suficiente em quantidade e bastante equilibrado em termos de nutrição: leite ou iogurte + pão com queijo ou manteiga. Então, da panóplia de lanches que pairam na maldita caixa, vê-se: iogurtes com smarties, danoninhos, ovos de chocolate, PIZZA (!!!), iogurtes corpos danone (!!!), bolos, bolachas de chocolate e uma série de outras coisas que agora não me acorrem. Eu falei com a educadora e perguntei se não haveria maneira de "filtrar" o que os pais enviam para o lanche, até porque é muito injusto para o Afonso ter que comer pão sem nada (porque não gosta de manteiga e no dia da manteiga não lhe dão queijo) quando os outros ao lado se lambuzam com uma fatia de pizza (que ele por acaso adora). Ela respondeu-me que é uma exigência dos pais, e que não os querem indispor, blá blá blá blá.
Podem pensar que sou picuínhas e nalgumas coisas até podem ter razão. Mas eu acredito que é ali dentro daquela sala que tem de se começar a promover a igualdade, e, como se trata de crianças pequenas, essa promoção deve também fazer-se ao nível das coisas pequenas.
Quando me apercebo que o lanche não satisfez o Afonso, dou-lhe um mimo, fora da escola. Um queque ou uma madalena que fazem as delícias dele. Fora da escola, porque na escola há a comida e as regras da escola.
No outro dia estive quase, quase a arrepender-me deste meu ponto de vista um bocadinho inflexível. Ele contou-me que uma menina da sala dele levou um queque para o lanche. "E depois?", perguntei eu. "Depois sentei-me ao lado dela e comi as migalhas que cairam na mesa".
Como ela. Haja saúde, dinheiro e optimismo em relação ao futuro.
O mês de Fevereiro tem sido abundante em maleitas... Otites, pieiras, bronquites, febres e ranhos não têm faltado lá por casa. Para piorar tudo, ainda temos as burocracias anacrónicas do nosso sistema de saúde. Passo a explicar:
Os meus filhos têm uma médica pediatra desde que nasceram; acontece que, desde Junho de 2007, graças às novas regras de comprovação de incapacidade temporária para os funcionários do estado (vulgo atestado médico), essa mesma pediatra deixou de poder emitir qualquer parecer válido sobre a saúde dos meus filhos. Não, não se aposentou nem eu deixei de confiar nela... Simplesmente não tem acordo com a ADSE, logo não pode atestar o que quer que seja em relação às nossas pessoas. Dizem que o objectivo da medida é uniformizar procedimentos com os beneficiários do SNS, para que todos os sub-sistemas tenham as mesmas regras.
Faz sentido.
Aparentemente, pelo menos...
Então, esta simplificação implica:
1. Ir à médica pediatra com os miúdos
2. Ela observa-os e emite uma declaração da doença
3. Eu saio dali, vou direita ao centro de saúde da minha zona
4. Fico 2 horas numa sala de espera, única para adultos e crianças, à espera que me chamem
5. Entro no consultório, mostro a declaração ao médico (clínico geral, por sinal)
6. O médico não observa a criança, simplesmente cumpre o acto administrativo de passar um atestado
7. Vou para casa com os miudos, provavelmente bem mais doentes do que já estavam.
Faz sentido, não faz???
Depois desta estupidez absurda, resolvi que era melhor os meus filhos passarem a ser seguidos por um pediatra convencionado da ADSE. Liguei no início de Dezembro e consegui consulta para 30 de Abril.
É o SIMPLEX no seu melhor...
Nestas manhãs frias de Dezembro, custa-me muito levantar da cama.
Custa-me ainda mais ter que tirar os meus filhos do quentinho da cama deles.
Custa-me estar sempre a apressá-los para tudo.
Custa-me fazê-los passar pelas tormentas das filas de trânsito.
Custa-me deixá-los nas escolas, onde apesar de serem muito bem tratados e acarinhados, passam o dia sem a minha companhia.
Mas o que mais me custa, realmente, nestes dias é o que se segue a tudo isto.
É entrar no metro e observar as pessoas, as crianças. Tantas sem sorriso de criança, sem olhos de sonho, sem a alegria das crianças a transbordar pelos seus corpos pequeninos. No meio da gritaria e correria dos adultos, elas andam, a toque-de-caixa, com uma vida tão cinzenta como a dos pais. Com um ar triste, de quem não tem muito a esperar da vida.
Que sorte têm os meus filhos por terem as manhãs que têm.
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas