A Francisca há muito tempo que diz que as semanas deviam ter dois dias e os fins de semana cinco. Esta semana, os sheikhs fizeram-lhe a vontade: três dias de feriado colados ao fim de semana e apenas dois dias de escola. Pena que nesses dois dias de escola tenha ido à enfermaria duas vezes, uma com dores de ouvidos, outra com um corte grande no dedo! Nesta última semana já tivemos piolhos em duas das três cabeças juvenis, cortes profundos quase com direito a pontos, febres altas, dores de ouvido e dores de cabeça.
Não me lembro de uma maneira melhor de passar os cinco dias de fim de semana!
Estão todos bem.
Ligam-me pouco e não gostam de falar pelo skype.
O Afonso só quer saber dos primos, da piscina e do cão da avó.
A Francisca tem loom bands (como é que se chamam essas pulseiras de elásticos aí??) até aos cotovelos.
O António, em Portugal há um mês, continua com frio. Sempre que falo com ele, está de manga comprida.
Estão divertidos.
Bem alimentados (desconfio que demais)
Já quase não metem palavras em inglês no meio das frases (é sempre um objectivo das férias em Portugal - reduzir o número de ocorrências deste tipo)
"Não quero isso, isso é de menina!"
"Não é nada de menina. É para todos! E porque é que não podes ter coisas de menina?"
"Então, porque eu não sou uma menina. Sou um irmão!"
Será que isto é uma consequência de ser o 3º? Antes de se ver como pessoa individual, vê-se como irmão dos outros?
"Mãe, quando eu for mais crescido vão cair-me os dentes?"
"Sim, quando fores mais crescido. Mas depois nascem outros, os de crescido."
" E depois de me caírem os dentes, caem-me os olhos?"
"Mãe, quem deu-me os p'esentes de natal foram os meninos azuis?"
"????"
"Os meninos azuis...hmm...não... o meninozazuis...o...como é que chama-se? "
[ah, o Menino Jesus]
Num contexto qualquer em que me chamou e eu não fui logo:
"Vou contar até 3! Mãe: 1! Mãe: 2!" (e já não o obriguei a dizer Mãe 3, que sou rapariga obediente)
Os direitos de autor deste chamamento são da Tia C. e do Tio P. O rapazinho parece que gostou do método que os tios usam para pôr o primo T. e a prima L. na ordem...
"Mãe, podes convidar o Dzodzi [o seu amigo chama-se Georgie, mas o António ainda tem uma lista grande de "impronunciáveis"] para vir cá a casa brincar comigo?"
"Posso, claro! Mas tenho que combinar com a mãe do Georgie primeiro. Vou ver se arranjo o telefone dela"
[no dia seguinte]
"Mãe, o Dzodzi já me disse o telefone da mãe. Podes telefonar-lhe: é white à frente e white atrás com uma apple".
Estávamos num centro comercial. Hora de lavar as mãos e fazer chichi para ir almoçar. Vou com o António e digo-lhe para fazer chichi de pé para não se sentar na sanita. Depois, enquanto o ajudo, encostada a ele, a segurar-lhe o pirilau para não regar a casa de banho, garantindo ao mesmo tempo que ele não se encosta à sanita pública, imagino o que aconteceria se ele, ali com os terminais todos descontraídos, se lembrasse que não queria só fazer chichi, e sem aviso, me soltasse um valente [ploc] nos pés. O momento (bonito) passou-se, a tarde também e voltámos para casa.
À hora do jantar, nesse mesmo dia:
"Mããããããããe! Emergêêêêêêência! O António fez cocó no chão!!!!!"
Já adivinharam como isto aconteceu?
Fez chichi de pé, percebeu tarde demais que afinal queria fazer algo mais que chichi e quando deu conta, "PLOC!", já era tarde. A única diferença foi que, graças a Deus, não foi em cima dos meus pés...
Em público e em inglês, que é mais fino. Foi dia de ficar com as crianças na escola durante uma hora a ver as actividades que fazem em "Literacy". A Professora começa a falar da importância de lhes ler histórias à noite (as bedtime stories) e o António interrompe-a para dizer a seguinte pérola (e desferir uma punhalada traidora no coração de sua mãe querida):
- "My mum doesn't read stories for me" ( e o inglês que o sacaninha sabe sem que eu me tivesse dado conta?!)
Depois do olhar reprovador de todas as inglesas da sala (as árabes estão-se bem a c*g*r para essas modernices pedagógicas) a professora volta a insistir na importância de ler histórias para desenvolver uma série de capacidades às criaturas pequenas, como se eu estivesse a comprometer o desenvolvimento saudável do meu filho com tal negligência...
Ora, não clarifiquei na altura porque toda a gente sabe que sou tímida, não gosto muito de falar para "ajuntamentos" e também porque a justificação ia parecer desculpa de mau pagador. O meu filho interpretou a coisa literalmente. Bedtime story, é, para ele, a história antes de ir dormir. Que não conto, é bem verdade. O que ele não disse foi que lhe leio praticamente todos os dias uma história, durante a tarde ou no intervalo entre o ir buscar à escola e a hora de ir buscar os irmãos. Só para que fique esclarecido, que eu cá não gosto de mal entendidos.
Hoje, depois de um ralhete valente por andar a deixar rastos de brinquedos desarrumados pela casa toda:
"Porque é que estás a falar assim comigo?! Pensas que eu tenho medo dessa tua cara de má?"
E ainda são só 3 anos...
Afonso: teve um evento na escola, o Rainforest cafe, que era uma acção de angariação de fundos para a "Rainforest Alliance", uma entidade que aparentemente ajuda a promover a conservação da floresta tropical. Fizeram bolos e sumos com ingredientes das florestas tropicais, cantaram uma música chamada, precisamente, "Rainforest", fizeram apresentações em powerpoint para mostrar aos pais e tiveram-nos lá, a comer, a beber e a elogiar durante mais de uma hora.
Francisca: foi o dia do Baile das princesas e fadas. Claro que a rapariga não cabia em si de contente. fui incumbida de encontrar o vestido com a melhor relação piroseira/preço e, não querendo gabar-me, acho que fiz um bom trabalho. O vestido era do mais pindérico que pode haver, mas ela, claro, adorou. Eu conheço muito bem a minha filha :-) Dançou, fez jogos e no fim, houve banquete. Uma barrigada de animação.
António: Dois anos lectivos que passaram a correr. Hoje foi o último dia de escola para ele. Em Setembro começa na "big school" (a dos irmãos) e está, claro, super entusiasmado. Já comprei a farda e ele achou o máximo ver-se com ela vestida (e eu também, apesar de o achar muito pequeno para a "Big School")
Para rematar, fomos ao cinema ver o Monsters University. É incrível como o António se aguenta um filme inteiro na cadeira, quase sem pestanejar. Seja 2D, 3D, o que for. Com óculos, sem óculos, ali fica, hipnotizado pelas imagens e só reage para se rir, voltando rapidamente a compor-se para não perder pitada.
Temos mais um infectado. Uma, neste caso. Desta vez, não é escarlatina. A bactéria que se alojou cá em casa (já éramos poucos!) tem o nome simpático de Streptococcus A e é a responsável pela escarlatina do António e da amigdalite da Francisca. O médico que nos atendeu hoje diz que pode ser coincidência estarem os dois infectados pela mesma bactéria, que não é obrigatório que a Francisca tenha sido contagiada pelo António. Eu sou como a Margarida Rebelo Pinto (com mais uns quilinhos em cima, verdade), acho que não há coincidências e isto é tudo uma grande conspiração bacteriana para me lixar a preparação para as férias e fazer com que fique tudo para a última da hora, o que basicamente é o que acontece todos os anos, mesmo sem doenças - é preciso é haver um bode expiatório.
E é isto do planeta estreptocoquiano.
PS: claro que a palavra estreptococos deu uns bons minutos de risada à conta de se pôr a tónica na penúltima sílaba e elaborar a versão escatologicó-parvinha da coisa
De acordo com o meu filho António, é uma "sombra". Rapaz habituado a muito mais dias de sol que de chuva, não lhe passa pela cabeça que haja sítios onde a função primordial deste objecto seja proteger as pessoas da chuva...
E os nossos filhos vão passar a ter a alcunha de "espalha-bichos". Agora temos o António com escarlatina (ainda há pouco se tinha livrado da varicela!) e já tivemos que pôr alguns amigos de prevenção...
Espero que o capítulo das doenças se esteja a encerrar por agora porque não me apetece ir para Portugal ficar de quarentena (e nem pôr os que convivem conosco de quarentena, também!)
Não lhe apetecia mais papa ao pequeno-almoço. Começa a dizer que lhe dói a barriga. Já não me lembro exactamente o que lhe disse, mas há de ter sido qualquer coisa do género: "Oh, que chatice, se te dói a barriga não vais conseguir ir brincar com as motas na escola!"
Uns segundos de reflexão, sobrolho franzido, polegar e indicador no queixo (sinal de que está a pensar): "Hummm" - estica o indicador - "Dói-me o dedo!"
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas