Uma jantarada no fim de semana e uma a meio da semana, de improviso, para uns amigos que estão de passagem por estes lados e estamos aqui mais mortos que vivos...
Nos ajudam a fazer coisas e isso, em vez de nos atrasar porque temos de ir atrás, discretamente a compor a ajuda que nos deram, adianta-nos e poupa-nos realmente tempo. Tenho dois nesta fase, o que é fantástico.
O pequenino ainda está na fase em que quando nos ajuda, é mais o tempo que gastamos a fazer novamente o que ele fez do que se tivéssemos sido nós a fazê-lo desde logo, mas faz parte. Hei de ter o retorno deste tempo investido, espero eu...
No meu livro de árabe, aparece o seguinte diálogo:
- "Quem te bateu, Ramee?"
- "Quem me bateu foi a minha professora."
- "Com que é que a tua professora te bateu?"
- "A minha professora bateu-me com uma régua."
Este livro vai ter que ser politicamente corrigido: foi aprovada uma lei que impede a aplicação de castigos corporais aos alunos nas escolas públicas (calma, nas escolas privadas, internacionais, já não se praticava, mesmo antes de haver uma lei!)
Ps: os professores das escolas públicas estão indignadíssimos. Não sabem como vão manter a ordem nas salas sem recorrer à pancadaria...
Para quem quiser ler o artigo, está aqui.
Já falei aqui daquela característica dos árabes em geral e dos emiratis em particular que faz com que não gostem muito de se mexer para grande coisa. Habituaram-se a ter quem faça tudo por eles e acham que é assim a ordem natural das coisas. Desde que moramos neste condomínio já vamos no terceiro sistema de acesso ao mesmo. Primeiro tínhamos um cartão que encostávamos a um sensor e as cancelas de acesso ao condomínio abriam-se. Isto implicava termos que procurar o cartão, abrir o vidro do carro, encostar o cartão, arrumá-lo, fechar o vidro do carro e só então seguir viagem. Uma canseira, portanto. Só algumas (poucas) pessoas é que executavam este processo complicado. Outras limitavam-se a rosnar de dentro dos carros para o segurança abrir a cancela e, voilà, ela abria-se sem grande esforço. A seguir, acharam que o melhor era distribuir um dístico autocolante aos residentes e eles afixavam nos carros e, quando se aproximassem da entrada, o segurança verificava se o carro tinha dístico e abria a cancela. Mais fácil para os moradores que, sendo cumpridores, preencheram o formulário para ter o dístico (implicava entregar fotos tipo passe dos residentes, cópia do registo do carro, cópia do contrato de arrendamento, e preenchimento de informações sobre todo o agregado familiar e empregados - uma seca). Claro que muita gente não esteve para se chatear e não pediu dístico nenhum, continuando a rosnar ou buzinar como antigamente para o segurança abrir a cancela. Outro problema era que o dístico não se via bem de noite e era difícil controlar o acesso ao condomínio com esta solução. Mais recentemente, novo sistema de acesso, que é o que temos actualmente. Preenchemos um formulário (igual ao anterior, com o mesmo pedido de documentação e informação, que fornecemos outra vez) e deram-nos um identificador tipo via verde que está colado no vidro do carro e abre todas as cancelas automaticamente e um cartão magnético para entrar no condomínio quando entramos a pé, por acessos específicos a peões. Mas desta vez introduziram uma inovação: só os portões principais é que têm seguranças; todos os outros são automáticos. Claro que preencher os formulários, ir ao gabinete de gestão do condomínio entregar toda a documentação é uma seca e houve muita gente que saltou esse passo. Agora é vê-los a apitar furiosamente nos portões que não têm ninguém, à espera que a cancela se abra por milagre. É muito engraçado! Da primeira vez que vi isto pensei: "Vou lá abrir a cancela com o meu identificador (que ainda não estava colado no vidro), coitado do senhor!" Claro que esta parvoíce de pensamento durou menos de dois segundos. É mais pedagógico deixá-los a apitar como loucos e a empatar a entrada a toda a gente, a ver se se mexem para ir tratar das suas coisas, como os outros.
Vou por todos à escola. Sigo para o centro da cidade, mais ou menos a meia hora de caminho. A meio do trajecto reparo que, além de ainda ter o cd das "Músicas da Maria" a tocar (apesar de não haver passageiros nascidos depois de 1980), estou alegremente a cantar as ditas músicas, como se fosse a banda sonora mais fixe do mundo para cantar sozinha, no carro, às 8h30 da manhã...
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas