A 5 de Junho, quando escrevi este post, mal imaginava que, passado menos de um ano, íamos ter cá em casa um MacBook, um time capsule e dois iPhones (e não são os dois meus, adivinharam!). E cheira-me que, antes do post fazer um ano, ainda vamos ter outro MacBook para substituir um certo Vaio que está às portas da morte...
O povo português diz que pela boca morre o peixe, não é?
Detesto quando percebo que as regras aqui são feitas só para os outros cumprirem. Quando me apresentam uma lista extensa de regras do condomínio onde vivo, por exemplo. E eu, ao receber as regras e assinar um papel em como li e fico obrigada a cumpri-las, questiono uma série de situações que acontecem todos os dias e, de explicação tosca em explicação tosca, se chega ao centro da questão. As regras são para os expatriados, estúpida!
Estão aqui a obrigar-me a escrever uma errata em relação ao post do campismo. Aparentemente bebemos Herdade dos Grous e não Quinta dos Grous. É que parecendo que não, faz muita diferença!
Afonso: "Às vezes gostava de estar dentro da cabeça da Francisca para perceber como funciona o cérebro dela. Ou que na escola me ensinassem, só para tentar perceber. É que não percebo mesmo como é que aquilo funciona..."
Numa loja Crocs, em Abu Dhabi, o funcionário explica-me em que a política da marca é não fazer saldos aquii. Só nas lojas do Dubai. Porquê, pergunto eu. Pois, porque aparentemente quem vive em Abu Dhabi é rico e não precisa de promoções.
Boa, já não bastava em Portugal toda a gente achar que nós temos uma caixa-forte cheia de moedas de ouro onde nadamos todos os dias, tipo Tio Patinhas, agora também são as marcas a achar o mesmo.
Tive que virar costas e ir aos saldos ao Dubai, pois claro...
No outro dia magoei-me num braço. Ao verem que tinha um penso que aparentava cobrir uma ferida feia, começa o seguinte diálogo no banco de trás do carro (como se eu não estivesse presente)
Francisca: "Afonso já viste o braço da mãe? Ela entalou-se e saíu-lhe um bocado de flesh"
Afonso: "Sim, eu vi. Disgusting!"
F: "Achas que a mãe disse a "S... word" quando aquilo aconteceu?
A: "Ná! I'm pretty sure she said the F... word!"
O António agora não pode ver nada com cordas, que desata a tentar fazer nós e amarrar as coisas todas umas às outras. Os yo-yo dos irmãos já têm os fios de tal forma emaranhados que um deles já não tem safa, só se resolve à tesourada. Amarra barbies, pollies, carros e tudo o que vê. Hoje fui dar com um carrinho do ikea amarrado ao hoola-hoop da Francisca. É isto que ele faz enquanto está no quarto das brincadeiras. Quando há um período grande de silêncio, já sei que há amarração a ser feita algures nesta casa...
Exactamente às 10 da noite do dia 25 de Março de 2010 esta família ficava completa. Parece que foi ontem! Parabéns, António!
Fomos acampar este fim de semana. Apesar das previsões de vento, queríamos tanto ir, que fomos mesmo. Acampámos numa praia banhada pelo Índico. Correu tudo bem, excepto quando às 11 da noite o vento nos mandou para a cama (depois de alguns campistas quase terem que ir a correr atrás da tenda voadora). Bem, fomos para a cama é força de expressão. Alguém nesta casa sugeriu que fossemos sem colchão insulflável porque a areia era fofinha. Outro alguém achou que esse alguém era capaz de ter razão e que não havia motivo para carregar colchões insufláveis e bombas para acampar na praia. Big mistake, a não repetir na próxima vez! De resto, foi muito bom. As crianças divertidas, sempre no mar e em liberdade quase total. Comer do tupperware, não lavar as mãos antes de comer, passar o dia em fato de banho, nadar em água morninha, mergulhar, comer chouriço assado na fogueira que se acendeu, beber um tinto Quinta dos Grous e Esteva num sítio improvável, fazer snorkeling, ver tubarões, ver sereias (private joke), enfim, foi mesmo divertido.
A repetir antes que o calor não permita!
O nosso T2 na praia
Já o facto de haver uma aluna na minha turma de árabe que é europeia, cresceu no Ocidente, num país não muito ligado ao Islão e agora nem os olhos deixa de fora, faz-me muita confusão e não me entra na cabeça. Já me apeteceu muitas vezes perguntar-lhe "Porquê??" mas não tenho coragem. Tudo tapado, nem a pele dos pés ou mão se vêem debaixo daquele manto negro (com várias camadas) que a cobre.
Aqui não há espanto que os casamentos sejam por conveniência. A coisa processa-se mais ou menos assim: as famílias dos interessados falam; se chegarem a acordo, apresentam-se os candidatos a noivos (caso já se conheçam, passa-se este passo e faz-se apenas a sugestão de casamento). Se os candidatos (os dois!) acharem que estão perante um bom "match" declaram o seu interesse e casam-se. Simples, não é? Por isso aquelas almas da minha aula de árabe ficaram tão espantadas quando as portuguesas responderam que namoraram 10 e 6 anos, respectivamente, antes de casar. Este conceito de "namorar" nem existe, oficialmente. As pessoas ficam noivas, não namoram. No caso da professora, o noivado durou 17 dias. Como já conhecia o noivo (era um parente dela, também muito comum por aqui) não havia porque adiar adiar a coisa.
Neste ponto há mesmo incompreensão de parte a parte. É tão estranho para elas a questão do namoro como para nós a questão dos casamentos arranjados. Já aprendi a perceber que nenhuma de nós está certa ou errada. Todas ali casaram com consentimento; é mesmo uma questão de diferença cultural.
Para o António, roupa suja é roupa que "tem puns". Na hora do banho, avaliamos a roupa. Se ponho para lavar, ele diz "Tem puns?". Quando me quer dizer que alguma coisa está suja (mesmo que seja o chão da cozinha), diz que tem puns. Há puns em todo o lado nesta casa, portanto (não se esqueçam que ela só se mantém limpa naqueles 30 segundos a seguir à limpeza!)
Presente: Já!
Passado (distante, próximo, há 5 minutos, agora mesmo): Ontem
Futuro próximo: Depois
Futuro distante: Depois Depois
Aqueles milésimos de segundos em que, depois de 3 horas a limpar, lavar e arrumar, a casa está limpa, lavada e arrumada.
Depois eles chegam da escola e num instante tudo muda...
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas