Leio na página do Jornal Sol que o Mundo está mais próximo de ficar sem petróleo. Aqui, neste mundo, nem parece. Os carros continuam a ser todos a gasolina. Vê-se poucos modelos com menos de 1800 c.c. e o normal é os carros terem mais de 3000 c.c. de cilindrada. Nunca vi sítio onde se desperdiçasse tantos recursos como aqui. Água, electricidade, combustíveis... Enfim. É uma cultura TÃÃÃO diferente que às vezes é muito difícil percebê-la..
Agora que estamos instalados e já com as nossas rotinas definidas, é hora de ajustar algumas coisas. Em primeiro lugar, procurar um bom hospital para este bebé nascer. Onde tenho ido parece-me tudo assim um bocado... descontraído demais e confiante de menos. A médica só me pergunta se eu tenho bebido leite suficiente e acha que, como vou no 3º filho, não tenho direito a ter dúvidas. As enfermeiras parecem um bocado taralhoucas e, não sei se é por falarem um inglês péssimo, se por parecer sempre que estão à espera que se lhes diga o que fazer, não me transmitem segurança nenhuma. Já tenho ouvido dizer que aqui as enfermeiras têm funções um bocadinho diferentes do que nos outros países. Parece que aqui o trabalho das enfermeiras é semelhante ao das auxiliares de acção médica dos outros países. Elas não intervêem muito nem interagem muito com as grávidas e com os pacientes em geral...Então agora vou experimentar outras alternativas...
Temos também que rever as questões da escola... Esta parece-me descontraída demais para o nosso gosto. Há também a questão do horário e da comida, que não tem corrido muito bem. A escola começa às 7h45 e termina às 13h45. O problema é que as crianças não almoçam na escola. Mandamos comida numa lancheira, mas apenas coisas tipo pão, frutas e iogurtes ou sumos. Não se pode enviar almoço porque faz muita confusão e provavelmente não lhes apetece limpar as porcarias que os meninos fazem a comer... Na verdade também nos aconselharam a não levar iogurtes porque estes eram muito messy, nas palavras das professoras, conselho esse que ignorámos alegremente. Depois há o problema do caminho para a escola. Para chegarmos às 7h45 temos que sair de casa às 7h00. Aqui tudo é perto mas o trânsito é tão caótico que demoramos eternidades a chegar a qualquer sítio. Acordamos às 5h45 (o que não seria assim tão mau se conseguíssemos aproveitar melhor o tempo, em vez de o passarmos no trânsito). No regresso a casa, vêm famintos e exaustos e, saíndo às 13h45, começam a almoçar, na melhor das hipóteses, às 14h30. Resta-lhes muito pouco tempo (ou energia) para outras actividades que eu gostava que fizessem - uma actividade desportiva e música, pelo menos. Temos que começar o jantar entre as 18h30 e as 19h00 para que estejam na cama às 20h00. Estamos a ver da possibilidade de os transferir par o colégio aqui da ilha. Não quisemos ao início porque muitas pessoas diziam cobras e lagartos do colégio. Dizem que é muito exigente e com um horário muito extenso. Fui lá informar-me e de facto os dias são mais longos, mas também porque têm mais actividades extracurriculares e porque almoçam a meio do dia. É um edifício recente e tem muito bom aspecto. Pareceram-me organizados e não me pareceram nenhuns bichos papões. Mas isto das escolas é como tudo. Todas as pessoas têm opiniões diferentes. Conheço vários pais que têm ou tiveram lá os filhos e cada um tem a sua opinião. Desde aqueles que detestaram de tal maneira que quase choram quando falam no assunto a outros que dizem que foi a melhor escola onde os filhos já andaram...
Com isto de andar a fazer de choffeur para a frente e para trás, indo também muitas vezes pôr o Francisco ao escritório antes de vir para casa, os meus dias têm passado assim, sempre a tentar fazer as coisas da casa nos intervalos que tenho disponíveis. O assunto "empregada" também me divide bastante: aqui toda a gente tem empregada e confesso que me apetece muito ter uma para assegurar a limpeza da casa e o tratamento da roupa (que é para mim a pior parte - detesto passar a ferro!). Mas aqui é difícil. As pessoas de baixas qualificações são muito diferentes daquilo a que estamos habituados. No outro dia deram-me referência de uma senhora que era "excelente" porque até sabia para que servia a lixívia... Imagino as que não são excelentes... Aqui há duas modalidades: contratar alguém em part-time, a opção mais cara, mas que não implica grandes responsabilidades sobre a pessoa que se contrata (aqui só temos de ter atenção porque normalmente o ritmo de trabalho é bastante mais lento do que em Portugal(!!!) e temos que contratar mais horas do que seria necessário); ou contratar uma pessoa a full-time, o que implica que essa pessoa viva na nossa casa. Para esta opção podemos tentar arranjar alguém recomendado ou recorrer a uma agência. Esta é a escolha mais popular, porque é muito barato (menos de 150€ por mês) e porque assim resolve também a questão da necessidade pontual de baby-sitter. Eu não sei o que vou querer, as duas situaçõos têm vantagens e desvantagens...
E com isto tudo, ainda não consegui disfrutar das sessões de SPA maravilhosas a preço de saldo de que toda a gente fala!!!
As mulheres daqui juntam-se muito e tenho sido convidada para alguns "playdates" - é uma reunião em que as mães levam os seus filhos e enquanto estes brincam, elas lancham e conversam. É engraçado porque há gente de todas as origens e personalidades muito diversificadas. Mas há pontos em comum, também. Nenhuma trabalha ou sente uma inclinação especial para isso. Todas levam a(s) nanny(ies) para tomar conta dos filhos. Têm um hobby em comum - fazer compras. Depois a discussão em torno desse assunto pode demorar horas. É uma boa maneira de conhecer pessoas, mas sinto-me sempre um bocado perdida. Acho que ainda não consegui entrar bem neste esquema mental... Deve ser só uma questão de tempo para isso acontecer (LOL).
Assim que consiga normalizar estas questões das escolas, empregada e rotinas, gostava de fazer algumas coisas: Yoga, Pilates, Natação e aprender árabe. Já que aqui estou e que não vou trabalhar tão cedo, gostava de aprender a língua deste país (que toda a gente diz que é dificílima de aprender a falar e quase impossível de aprender a ler e escrever). Eu vou tentar primeiro aprender a falar, não me parece que me vá aventurar na leitura e escrita.
Vou tentar escrever com mais frequência para depois não vos obrigar a ler "testamentos" :-)
Porque o meu bebé é um rapaz! Hoje foi o dia da ecografia morfológica. Bem, por acaso não foi bem completamente morfológica. Demorou apenas 15 minutos e vi-lhe os pés, as mãos, o coração, o estômago e a pilinha. A médica era de poucas falas e, claro, o pouco que falava tinha que repetir devido ao inglês com sotaque filipino...Bem, o mais importante é que estava tudo aparentemente bem e temos um rapagão saudável... Mas de facto estava habituada às ecografias do centro ecográfico de entrecampos onde a morfológica demorava 1 hora e se via todos os pormenorzinhos do bebé. Aqui é tudo um bocado a despachar. Não há análises ao sangue nem rastreios pré-natais nem nada dessas modernices intervencionistas...
Fui comprar-lhe as primeiras peças de roupa à Mothercare e vou esperar por Dezembro para ir a Campo de Ourique comprar o resto. Porque para além de as coisas aqui serem, na sua grande maioria, feíssimas, são normalmente caríssimas.
Ficámos todos contentes, menos a Francisca, que sonhava com uma irmãzinha para lhe preencher ainda mais os dias. Acho que ela vai ser um osso duro de roer com a chegada deste bebé... Hoje esteve pela primeira vez a tempo inteiro (que é só de manhã, ainda assim) na escola e estava muito contente quando a fui buscar. A educadora disse que ela era uma menina muito bem disposta e meiga... É só esperar até ganhar confiança para conhecer o lado lunar da rapariga, que consegue ser um bocadinho diabólico :-)
Continua muito calor e assim parece que ando sempre mais cansada. A barriga já vai pesando, mas acho que com o calor a sensação de estar grande e inchada aumenta.
Agora queria ver se conseguia começar a tornar as minhas manhãs mais produtivas, já que o Afonso e a Francisca estão na escola e tenho mais tempo disponível. Gostava de fazer yoga e pilates, umas aulas de natação e começar a aproveitar os SPA daqui, que toda a gente diz que são baratos e bons... Tenho que investigar...
Quanto ao nome... Está nas mãos do Pai, desde que seja António
Não, a sério, desta vez ele pode escolher. Ou Manel. Também gosto de Martim, embora esta opção seja muito contestada. Vendo bem, e dado o contexto internacional em que nos encontramos, poderia ser uma óptima escolha. O Afonso não se escapa de ser Alfonso para os hispânicos e Afonzo para os ingleses; a Francisca foi rebaptizada de Francesca pelos ingleses. Eu já me acostumei a ser Wanda para os ingleses ou americanos (quem não conhece A fish called Wanda?) e Bánda para os espanhóis. Martim seria fácil de perceber e a adaptação que fizessem não ia ficar muito distante do original. Mas claro, desta vez o pai tem liberdade total para escolher o nome que lhe parecer melhor. Até porque é ele que o vai registar à Arábia Saudita, em última análise....
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas