No outro dia, ao chegar a casa, depois de um dia inteiro de ausência:
- Olá Afonso! (beijinhos e abraços)
- Olá Mãe! Sabes, tive muitas saudades tuas! Muitas, muitas!
- Ah foi? Olha, eu também tive muitas saudades tuas!
- Eu tive 5 saudades!
No supermercado, já na caixa:
- Sabes, mãe, quando eu for grande vou poder escolher as coisas que quero comprar.
- Pois vais, quando fores grande.
- É depois dos 4. Quando tiver 5 já vou fazer tudo sozinho e vou para a minha casa.
(Isto é que é desejo de emancipação!)
- Eu sou mais crescido que a Francisca. E mais forte. Tenho 5 de força!
Acho que ele vai ter uma desilusão quando chegar aos 5 anos e vir que pouca coisa mudou...
Neste Natal tivemos coisas boas. Mas também tivemos algumas coisas menos boas. O almoço de Natal foi passado na urgência de pediatria por causa de uma infecção respiratória (Francisca). Já lá tínhamos estado exactamente uma semana antes pelo mesmo motivo, desta feita com o Afonso.
Por outro lado a noite de natal foi muito animada, excepto para a Francisca, que às 9 da noite já estava na cama, apesar das dificuldades para respirar e ter um sono tranquilo.
O excesso de presentes para os mais pequenos foi o do costume. Mas a distribuição foi muito engraçada. Durante as semanas que antecederam o Natal não tivemos nem um presente debaixo da árvore. Os presentes ficaram escondidos na arrecadação até à noite de 24. Enquanto as crianças bricavam na sala e viam este nosso amigo , nós fomos buscar os sapatinhos de cada um e dispusemos os presentes nos sapatos, ao pé do presépio que estava no hall de entrada.
Com tudo a postos, chamámos a miudagem e depois foi o rasga papéis do costume: bicicletas, trotinetes, kits de obras, a indispensável roupa, enfim, o costume. No fim, muito pouca vontade de largar os brinquedos novos e ir para a cama.
À Francisca, passou tudo ao lado. Deixei os embrulhos dela junto ao sapatinho para ser ela a desembrulhar na manhã seguinte e a festa repetiu-se novamente, antes de irmos para o hospital. Agora, continuam de férias, os brinquedos novos todos espalhados pela sala e a maior preocupação deles por estes dias é brincar, brincar e brincar (e torrar o juízo dos avós, que estão lá em casa com eles, a pôr ordem em tudo isto).
Nestas manhãs frias de Dezembro, custa-me muito levantar da cama.
Custa-me ainda mais ter que tirar os meus filhos do quentinho da cama deles.
Custa-me estar sempre a apressá-los para tudo.
Custa-me fazê-los passar pelas tormentas das filas de trânsito.
Custa-me deixá-los nas escolas, onde apesar de serem muito bem tratados e acarinhados, passam o dia sem a minha companhia.
Mas o que mais me custa, realmente, nestes dias é o que se segue a tudo isto.
É entrar no metro e observar as pessoas, as crianças. Tantas sem sorriso de criança, sem olhos de sonho, sem a alegria das crianças a transbordar pelos seus corpos pequeninos. No meio da gritaria e correria dos adultos, elas andam, a toque-de-caixa, com uma vida tão cinzenta como a dos pais. Com um ar triste, de quem não tem muito a esperar da vida.
Que sorte têm os meus filhos por terem as manhãs que têm.
Sem choros, naturalmente. Foi a 3ª adaptação da Francisca à creche. Acho que já está vacinada contra estas coisas. Chega e corre toda sorridente para a Ofélia, Paula, Carolina ou Raquel. Quando ela chega, é uma festa para elas também, que têm e sempre tiveram uma certa preferência pela Francisca (que é bastante evidente). Melhor assim. Ficamos todos mais felizes.
O novo método de alimentação parece estar a resultar. Estratégia:
- Não ralhar
- Agir naturalmente à refeição
-Quando acabamos primeiro que o Afonso vamos todos brincar para a sala e dizemos-lhe calmamente para se juntar a nós quando terminar.
Não vou deitar foguetes, mas por enquanto resulta. Nestes últimos dias tem sido bastante rápido em todas as refeições (hoje não conta porque foi pizza, uma iguaria para o rapaz).
Estou a gostar da escola dele. É grande e isso ao início assustou-me um bocado. Ele tão pequenino, a escola tão grande. Mas está a correr bem. Já se adaptou às novas caras e às rotinas do colégio.
Está é cada vez mais eléctrico, o que também deve ser normal para a idade...
a horta já tem direito a etiqueta e tudo
futebol mas só porque estamos em alturas